Poli cria fundo para receber doações financeiras

O objetivo inicial dos endowments é reunir a quantia de R$25 milhões até o fim de 2012 com doações de pessoas físicas e jurídicas

Para não depender apenas de repasses do ICMS, destinado à USP, e aumentar a verba que será investida dentro da unidade, a Escola Polítécnica, com a ajuda da empresa Endowments Brasil, criou um fundo para receber doações em dinheiro de empresas e ex-alunos. O objetivo é arrecadar verbas para melhorar a estrutura da Poli e investir mais em pesquisas da escola. Esse tipo de arrecadação já existe em grandes universidades do mundo e é responsável por cerca da metade do orçamento de instituições como Princeton, Yale, Columbia e MIT.

A ideia da criação do fundo surgiu quando o Grêmio Politécnico soube que receberia cerca de R$ 1 milhão pela desapropriação da Casa do Politécnico, em 2008. Com dúvidas sobre como lidar com esta quantia, o Grêmio contatou a Endowments Brasil. Felipe Sotto-Maior, advogado da empresa, conta que a diretoria, a Associação dos Engenheiros Politécnicos (AEP) e o Grêmio representarão uma tríplice diretoria, responsável por cuidar da verba que será recebida nas doações. Além disso, o advogado afirma que será disponibilizado um portal da transparência, para que os doadores e outros interessados possam saber o destino dos endowments. Ele também diz que haverá um conselho deliberativo, que questionará a atuação da diretoria tríplice, que ainda não está formado.

Por enquanto, o fundo de doações tem, em caixa, cerca de R$ 150 mil. “É uma quantia baixa para nós, porque o objetivo do endowment é utilizar apenas o rendimento a partir do que é investido, o que fica em torno de 0,5% ao mês. Agora, por exemplo, usaríamos por volta de 60 mil reais, o que é pouco em relação ao orçamento da Poli”. Por isso, o advogado estima que, até dezembro de 2012, o fundo atinja a meta de captação de R$25 milhões, e o rendimento de R$ 1,5 milhão por ano.

Para arrecadar tal quantia, Sotto-Maior diz que grandes empresas serão contatadas. “Esperamos que elas façam as maiores doações”. Além disso, o contato com a AEP tem o objetivo de buscar doações de ex-alunos. “Já contatamos turmas até das décadas de 1960 e 1970”.

Sotto-Maior acredita que os endowments são a solução para o orçamento da USP. “Tenho confiança de dizer que isso acontecerá em toda USP. É uma questão de tempo”. Para ele, o próximo passo para que os fundos de doações ganhem credibilidade é a criação de uma lei específica sobre endowments.

Como funciona o fundo (infográfico: Stefanie Kanzian)

Críticas

Há quem discorde da estrutura que cuidará do fundo de doações da Poli. Uma fonte que não quis se identificar alegou que, apesar de concordar que os endowments são a solução para o orçamento da USP, a diretoria tríplice não abrange a Escola Politécnica como um todo. “A organização que cuida dos endowments deveria ser como a Fapesp: externa e voltada apenas para investimentos em pesquisa”.

A fonte também critica a falta de um conselho deliberativo, por mais que o advogado da Endowments Brasil tenha dito que a verba não será utilizada até que a criação do conselho.

Outra crítica é o fato não haver deliberação alguma. “No artigo 19 do Estatuto Social do Endowment da Poli, compete ao conselho apenas dar opiniões e sugestões. Porém, não há poder algum de decisão”, diz a fonte.

Doações

As doações para o fundo podem ser feitas tanto pelo endereço www.eepolitecnica.org.br quanto por meio de depósitos na conta corrente, cujos dados estão disponíveis no site.