USP deve implantar cotas raciais

Extremamente oportuna a reportagem sobre a discussão em torno da implantação das cotas raciais na Universidade de São Paulo veiculada na edição 396 do Jornal do Campus. A editoria de primeira página acerta também ao estampar foto relacionada à manchete no primeiro e segundo quadrante do jornal.

A matéria intitulada “Entidades pedem debate sobre cotas raciais no CO” traz à tona um dos temas mais relevantes para a sociedade brasileira, que ainda não fez o acerto de contas com seu passado escravocrata e excludente. A renomada USP, a maior e mais importante universidade da América Latina, é uma instituição que ainda teima em não querer se ajustar à realidade.

Segundo informam os repórteres Leonardo Fernandes e Letícia Fucuchima Augusto, o Conselho Universitário, órgão deliberativo de instância máxima da instituição não incluiu o assunto na pauta de sua reunião. Nem mesmo o fato de o Supremo Tribunal Federal ter se posicionado favoravelmente sobre a legalidade da implantação de cotas raciais nas universidades demoveu a USP, pelo menos por enquanto, de sua posição cristalizada contrária a democratização do conhecimento.

A reportagem também informa ao leitor que a Congregação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a mesma unidade que já declarou o reitor João Grandino Rodas persona non grata, aprovou por aclamação a indicação ao Conselho Universitário para que as cotas étnico-raciais seam implantadas no vestibular da Universidade. O professor de Deito Marcos Orione, um dos entrevistados, ressalta que essa é a pimeira vez que uma Congregação da USP se manifesta sobre o assunto. É importante que o Jornal do Campus continue acompanhando essa questão.

Outra boa reportagem assinada por Letícia Fucuchima Augusto, Marcelo Carvalho, Paulo Fávari e Victória Cirino é sobre a greve nas universidades federais. As matérias permitem que o leitor conheça a realidade das Federais e trace um paralelo com a USP. O professor Cesar Minto, vice-presidente da Adusp e membro do Andes, chega inclusive a afirmar que a USP é menos flexível do que várias universidades federais. O sindicalista, que apoia a greve, enfatiza a importância das paralisações para as conquistas das categorias.

Destaque também para a arte de Meire Kusumoto O Mapa da Greve. Visualmente agradável, proporciona ao leitor uma rápida identificação das instituições de ensino que participam ou não da paralisação e as regiões onde estão localizadas. A ilustração de João Victor Rabello, na página de Opinião sobre o mesmo assunto, também merece menção.

Lúcia Rodrigues é jornalista e cientista social. Já trabalhou na revista Caros Amigos e no jornal Folha de São Paulo. Atualmente, é repórter da Rádio Brasil Atual. Você, leitor, também pode entrar em contato com a nossa ombudsman. Basta mandar um e-mail para luciarodrigues[@]estadao.com.br