Ombudsman

Fico muito feliz de ver as experimentações que os estudantes estão fazendo com o Jornal do Campus. Desde a mudança para o formato tabloide, as cores separando as páginas, diagramação diferenciada na última página… Não parem, é para isso que servem os jornais laboratórios.
Percebi um esforço especial na criação de infográficos, recursos cada vez mais presentes no jornalismo e úteis em vários aspectos: além de funcionarem como chamariz para o leitor cujos olhos passeiam distraídos pelas páginas, valorizam o assunto abordado, embelezam a página e resumem a notícia. Hoje em dia, com a internet, a depender do tema, infográficos tornam-se rapidamente virais quando compartilhados na rede.
Por ser um recurso visual, obviamente o infográfico precisa ser bem-feito. Ou é melhor abrir mão dele. Na última edição há um ótimo infográfico, o da última página, sobre a vacina HIVBr18. Deu leveza e colorido à matéria. Mas há também um infográfico ruim, o da página 5, que representaria uma “linha de tempo” da greve dos estudantes da USP. Às vezes acontece de uma encomenda ao “departamento de arte” não sair como o desejado. Aí não há outra solução senão refazer, refazer e refazer – ou simplesmente excluir da edição.
Observem que algumas ideias que parecem ótimas na idealização não se mostram tão boas assim na execução: é o caso da boa arte sobre a Praça dos Museus da USP. O fundo escuro deixou as “caixas” difíceis de ler. Facilitar a leitura é um dos primeiros mandamentos do jornalismo. É preciso contar inclusive com o fato de o leitor não enxergar bem… Minha sugestão: não fique nunca satisfeito com um infográfico, sempre queira mais.

Outro Lado

O leitor Weliano Pires, agente de vigilância da USP, me escreveu para rebater algumas denúncias publicadas no último número do JC sob o título “Precariedades dificultam ação da GU”, a partir de relatos de guardas colhidos anonimamente. “Em algumas questões, concordo parcialmente e em outras, discordo totalmente, pois há acusações levianas e fantasiosas”, disse Weliano. “Sugiro ao Jornal do Campus que sempre ouça o outro lado e até o ‘mesmo lado’, ou seja, todas as pessoas do setor, não apenas quatro ou cinco anônimos descontentes, que se põem a espalhar boatos levianos no ventilador.”
O leitor tem toda razão: o “outro lado” é fundamental ao bom jornalismo. Quem é acusado deve ter espaço para se manifestar, e informações anônimas devem sempre ser checadas com fontes em “on”. Os editores se desculpam por possíveis falhas na apuração e informam que, nesta edição, está sendo publicada nova reportagem mostrando outros lados da questão.