Equipamento é capaz de prever qualidade do ar

Melhora na análise da qualidade do ar permite ao Poder Público tomar providências

A ferramenta desenvolvida por pesquisadores da USP leva em consideração as emissões de poluentes e os fatores meteorológicos. O objetivo é identificar como esses poluentes interagem na atmosfera para que se possa conhecer antecipadamente a qualidade do ar.

Sabe-se que as principais fontes poluidoras são as fontes móveis, ou seja, os veículos. Quando esses poluentes vão para a superfície, há várias condições que podem favorecer a formação de ozônio ou partículas finas, por exemplo, e esses processos ainda não foram totalmente  esclarecidos.

No caso da formação do ozônio, são necessários vários compostos emitidos pela gasolina e pelo álcool, e ainda há dúvidas sobre quais são os elementos que esses combustíveis lançam  na atmosfera e como ocorrem as interações.

A professora Maria de Fátima Andrade, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP comenta que já  havia no departamento um projeto que relacionava meteorologia com outras questões meteorológicas que favoreciam grandes concentrações de substâncias poluentes. “Havia uma parte experimental e uma de medida, e muitas questões sobre a poluição atmosférica ficaram em a berto”, diz.

O novo projeto tem como foco a reunião dos modelos experimentais. Unem-se os fatores de emissão com os elementos meteorológicos, que influenciam nas reações dos poluentes na atmosfera. A pesquisadora destaca que as previsões são importantes para o sistema público de saúde, por exemplo, pois é possível prever os momentos em que haverá maior procura por atendimento médico devido a problemas respiratórios.

Outra vantagem da elaboração de cenários é o estudo sobre possíveis mudanças. Por exemplo, seria possível estimar o quanto o ar de São Paulo melhoraria caso os veículos pesados fossem deslocados para o rodoanel, ou quais seriam os impactos de só se utilizar gasolina ou só álcool nos carros – medidas difíceis de aplicar na prática.

Andrade aponta ainda que há mais elementos que devem ser considerados nas previsões, como a topografia de cada cidade. Assim, nas cidades em que há altos níveis de emissão, mas que também apresentam altas taxas de dispersão, a concentração de poluentes na atmosfera pode ser baixa. Em SãoPaulo, a proximidade com o litoral auxilia na dispersão e na remoção dos poluentes, pois a chegada das brisas provenientes do oceano traz  umidade e amplia a dispersão.

Ela acrescenta que as previsões poderiam ser feitas até com quatro ou cinco dias de antecedência, mas atualmente, por uma limitação técnica, o processo seria muito demorado. Isso porque é preciso fazer diversas equações para os elementos meteorológicos (para o vento, para a temperatura) e os elementos químicos que participam dos processos. As previsões são feitas para um prazo de 48 horas, pois demanda-se menos tempo equacionando os fatores, já que as incertezas químicas e meteorológicas são menores.

por THAIS FREITAS DO VALE