Obras comprometem atividades na FAU

Reforma já causou transferência de aulas e interdições no edifício; alunos buscam saídas para não afetar formação (Foto: Sara Baptista)

Na segunda-feira (15), estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) encontraram o andar térreo do prédio (piso Caramelo) cercado por lonas que cobriam o teto há alguns anos, por conta do risco de desabamento. Essa foi mais uma dificuldade que os alunos da unidade tiveram de enfrentar por conta de uma reforma que é responsável por problemas como bloqueio de espaços e cancelamento de aulas.

Depois de reclamações dos estudantes, as lonas que cercavam o piso Caramelo foram retiradas. Mais tarde, no mesmo dia, eles se depararam com tapumes que seriam colocados ao redor do piso, mas novamente, sob protestos dos alunos, os planos de isolamento foram adiados. Os alunos e os funcionários foram liberados em função da poeira excessiva.

Durante a semana retrasada, a reforma no prédio da FAU já havia avançado para um estágio que, segundo o GFAU (Grêmio dos estudantes da unidade), não estava previsto, com a interdição do andar AI (espaço de estudos onde, antes da greve, havia aulas). O fechamento do andar foi pautado em algumas reuniões e, em troca, seriam liberadas três salas de aula. Contrariando os apontamentos de que elas não seriam suficientes – seria necessário liberar também um estúdio -, o AI foi fechado e as salas liberadas foram entregues sem que estivessem finalizadas.

Desde 2009, o edifício passa por reformas que não foram concluídas. No ano passado, iniciaram-se as obras na cobertura do prédio, e muitas questões sobre a permanência das atividades no prédio foram levantadas. Em reunião da Congregação em junho desse ano, decidiu-se que as atividades acadêmicas continuariam a ser realizadas na FAU, ainda que fosse necessário que acontecessem em locais alternativos, como o piso do museu e o piso Caramelo.

A aluna Andressa Romero afirma que mais de cinco disciplinas foram ministradas em outras unidades. Depois de passar o primeiro semestre brigando pela permanência, os alunos se veem novamente nesse impasse, já que a saída do prédio não afetaria só a formação dos estudantes. A lanchonete, a xerox, a papelaria e a livraria tiveram suas vendas muito  prejudicadas no período de greve em função da ausência dos alunos, e temem não conseguir se manter no local em caso de transferência das aulas para outros lugares, como atesta Mário Campos, proprietário da papelaria.

A estudante de arquitetura Gabriella de Biaggi afirma que o edifício está ligado ao projeto pedagógico dos cursos e abriga espaços – como os estúdios – dos quais eles não disporiam em outras unidades da USP. Ela também ressalta a importância do prédio como um local de encontro e articulação dos estudantes. “O edifício da FAU possibilita coisas que seria impossível de encontrar em qualquer outro lugar”, defende.

Na opinião do arquiteto João Alberto Zocchio, a reforma do prédio é um momento único que os estudantes têm que aproveitar para perceber aspectos pouco abordados na grade curricular de Arquitetura, como os administrativos, de projeto, planejamento de obra, acompanhamento e fiscalização. Formado em 1983, João passou por duas reformas no edifício enquanto era estudante e, para ele, as obras possibilitam certa vivência das condições de trabalho na construção civil.

Segundo a diretoria, as obras seguem o cronograma estabelecido em contrato. Em junho, a previsão de término das obras era o fim deste ano, mas circula a informação não confirmada de que o fim seria em janeiro. A comunidade fauana está descrente de ambas as datas. Na quarta-feira (17), acontece uma reunião aberta de esclarecimentos sobre a reforma.

por SARA BAPTISTA