Tratamento de queimadura pode ficar mais acessível

Desenvolvida em Pirassununga, membrana é constituída por material biodegradável

Créditos Divulgação-FZEA
Nova possibilidade de tratamento beneficiará a população mais crente (Créditos Divulgação-FZEA)

Todos os anos, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Queimaduras, cerca de um milhão de pessoas do país sofrem algum tipo de queimadura. Em alguns casos, o tratamento envolve membranas sintéticas e enxertia, o que aumenta bastante o custo. Pensando nisso, Daniel López Angulo, em sua pesquisa de pós-doutorado na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, desenvolveu uma membrana mais barata e feita com materiais de origem orgânica.

“Não tenho uma noção de preço, mas será muito melhor que os materiais similares. Essa membrana é de um custo muito baixo porque estamos usando materiais biodegradáveis”, explicou o pesquisador, que é orientado pelo professor Paulo José do Sobral, do Centro de Pesquisa em Alimentos.O procedimento usual pede mais investimento, que varia de acordo com os materiais utilizados e a área afetada.  

A possibilidade de um novo tratamento anima quem trabalha com vítimas de queimaduras. Rosa Irlene Serafim, coordenadora do Núcleo de Proteção aos Queimados, destaca a importância de medidas que fiquem mais próximas aos pacientes, especialmente os de origem humilde. “Quanto mais acessível, melhor. Se a pesquisa facilitar o acesso a outras opções, sei que será bom porque coordeno uma instituição filatrópica e trabalho com sobreviventes carentes”, contou.

Após alguns processos, a membrana se apresenta com um aspecto poroso e seco. A ideia é colocá-la sobre a área queimada para que os componentes regenerativos estimulem as células. O projeto completou um ano em março e sua primeira fase foi concluída. Agora vão começar novas etapas e, como o estudo ainda não foi aplicado em humanos, ainda não é possível dizer se o tratamento será eficaz em todos os graus de queimadura.

Além de problemas de saúde, as queimaduras transformam-se em questões sociais e, segundo Daniel, chegam a causar estresse no núcleo familiar. “Infelizmente, muitos dos acidentes que ocorrem são em famílias que tem recursos limitados por problemas financeiros e estruturais, então é muito fácil que coisas assim aconteçam. Além do tratamento atual ser custoso, a terapia é muito lenta e impossibilita as pessoas de trabalhar e seguirem suas vidas por um tempo”, declarou.

Com conclusão prevista para 2017, o estudo é uma esperança para as vítimas de queimadura. No entanto, Daniel lembra que se a experiência com seres humanos for um sucesso, ainda é preciso achar uma empresa interessada em fabricar a membrana em escala industrial, e só assim será possível idealizar uma maneira de popularizar o método.

Paula Thiemy