Sucesso nos esportes, problemas no caixa

Atléticas e LAAUSP falam sobre os pontos positivos e negativos desse semestre na Universidade
Colocação das atléticas até o fechamento desta edição do JC (Arte: Giovanna Lukesic)
Colocação das atléticas até o fechamento desta edição do JC (Arte: Giovanna Lukesic)

As Associações Atléticas Acadêmicas da USP, nesse primeiro semestre de 2016, enfrentaram diversas dificuldades para realizar os seus treinos e manter as suas atividades. Apesar disso, conseguiram participar das competições universitárias e preservar suas agendas, pode-se concluir após conversar com representantes de diversas das instituições.

Todas as atléticas ouvidas pela reportagem mencionaram como empecilho aos treinos, no período, o fechamento para reforma dos módulos de quadras cobertas do CEPEUSP, já abordado pelo JC em sua edição nº 455, que ocorreu em meados de abril e deve se manter fevereiro do ano que vem. Essa situação dificultou o agendamento de uso dos espaços, pois sobrecarrega a capacidade das quadras abertas e subordina o treinamento às condições climáticas do dia. Apesar da inconveniência momentânea, Felipe Guimarães Marco, presidente da LAAUSP (Liga Atlética Acadêmica da Universidade de São Paulo), vê as reformas como um benefício para o esporte na universidade e um dos pontos positivos do semestre.

Marco afirma ainda que a relação da LAAUSP com o CEPEUSP melhorou ao longo do semestre. “Conseguimos construir uma situação de cooperação e entendimento entre as partes”. Infelizmente, a relação com a Pró-Reitoria de Graduação parece ter seguido caminho oposto, com diminuição do diálogo. “Foi criada uma Comissão de Apoio ao Esporte que exclui o trabalho da LAAUSP e das atléticas, e não entendemos a razão disso”. As atléticas acusam a mesma situação. Lilian Tiemi Higa, diretora da Associação Atlética Acadêmica da FAU-USP, diz que as relações com a Pró-Reitoria não foram boas, e que houve o corte do financiamento da Copa USP pela instituição. Segundo Marco, a realização da competição sem o auxílio esperado da Pró-Reitoria deixou a LAAUSP com uma dívida de oitenta mil reais.

Sob o ponto de vista financeiro, a proibição da realização de festas na cidade universitária também impactou as atléticas, muitas das quais organizavam eventos do tipo para arrecadação de fundos. “A medida nos atinge diretamente, porque é por meio do lucro de nossos eventos que custeamos os gastos esportivos, como, por exemplo, salários dos técnicos, inscrição em campeonatos e material para os times”, diz Daniel Waldhelm Mouzinho Ferreira, diretor da Associação Atlética Acadêmica da ECA. O mesmo problema é apontado por Maísa Reami Vieira Girardi, presidente da Associação Atlética Acadêmica da FFLCH: “A proibição de festas na USP e a dificuldade em gerar lucros foram grandes dificuldades nossas nesse semestre”.

A despeito desses contratempos, principalmente financeiros, foi possível cumprir com os eventos do semestre, e os representantes das atléticas e da LAAUSP levantaram diversos pontos positivos de sua atuação. O BichUSP, um dos principais campeonatos do semestre, teve número recorde de atléticas participantes, e marcou a primeira participação da Escola de Engenharia de Lorena e do campus de Bauru. Felipe Marco destaca também a importância que vem sendo adquirida por modalidades historicamente desprivilegiadas no ambiente esportivo universitário, como rugby, atletismo, xadrez e tênis de mesa. As atléticas também realizaram atividades de cunho social, como a arrecadação de alimentos para a Associação Criança Brasil feita pela atlética da ECA, cujos membros também visitaram a instituição para ensinar para as crianças sobre a importância do esporte, e as atividades desenvolvidas no Campo do XI, da atlética da Faculdade de Direito, que abriu seu espaço para a ONG Sonhar Acordado. “Isso traz grande satisfação para os membros da gestão, uma vez que podemos retribuir à comunidade tudo o que ela nos proporciona”,  diz Bruno Silva e Souza, secretário-geral da atlética.

Por Felipe Marquezi