Os atletas e seleções da USP sempre foram bastante requisitados para representar, nos Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior, as cidades que não possuem atletas suficientes para representá-las em determinadas modalidades. Pela sua participação na competição, o município representado custeava o deslocamento dos atletas até o local de realização do campeonato, e ainda sua estadia e alimentação; mas a crise econômica alterou essa situação. “Este ano fomos pegos de surpresa”, diz Vitor Candido Ferreira de Faria, treinador da Seleção USP de Atletismo, que representa a cidade de Nova Odessa desde 2013. “A cidade não vai ter como custear esses benefícios, o responsável chegou a disponibilizar a própria casa para alojar os atletas”.
Os Jogos Regionais do Interior e os Jogos Abertos do Interior, eventos esportivos organizados todos os anos pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo (SELJ), mobilizam centenas de municípios do estado, que competem nas mais diversas modalidades. Para muitas dessas cidades, tratam-se dos mais importantes eventos esportivos do ano, gerando investimentos na área e oportunidades para seus atletas e treinadores.
A atleta Marina Moraes Leite, aluna do Instituto de Química, treina com o grupo da FEA e participa dos Jogos Regionais do Interior desde 2008. Nesse período, já representou os municípios de Sumaré, Mairinque e Nova Odessa. “As cidades nem sempre custearam o deslocamento até o local onde seriam os jogos, mas sempre providenciaram hospedagem, refeições e transporte interno”, conta Marina. “Muitos alunos têm condições de ir mesmo assim, mas não todos”. Marina ainda aponta que sua modalidade, o atletismo, é favorecida por abranger principalmente esportes individuais, ou seja, pode enviar o número de atletas que for possível sem que isso afete o grupo. Já as equipes têm de se preocupar com a possibilidade de ida de cada um de seus membros.
Os atletas e seleções tiveram de chegar por si próprios a diferentes soluções quanto à participação nos jogos. Bruno Silva e Souza, secretário-geral da Associação Atlética Acadêmica da Faculdade de Direito, diz que não sabe se haverá alunos da faculdade convocados, “mas existe a possibilidade de nossa Atlética promover uma ajuda de custo para os atletas franciscanos que forem chamados, porque nossa atual situação financeira é favorável para tal”. A seleção de atletismo optou por participar, segundo Vitor Faria: “discutimos em nossa equipe e os atletas convocados concordaram em custear a hospedagem e a alimentação para participar dos jogos, é a maior equipe que estamos levando para esse evento, com 32 atletas de diversas faculdades”, conta. “Foi o nosso jeito de tentar driblar essa crise”.
Por Felipe Marquezini