‘Waze’ para bicicletas desenvolvido na USP é aprovado pelo ‘Cidades Inteligentes’

Desenvolvido como um Trabalho de Conclusão de Curso da Escola Politécnica, um protótipo que permite a transmissão, para ciclistas, de informações sobre a cidade está no caminho de se consolidar como uma startup. Feito pelos alunos de engenharia elétrica da USP, o modelo de negócio, denominado IoBike, foi um dos aprovados pela FAPESP para o programa Cidades Inteligentes. A iniciativa, tomada em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), prevê recursos orçamentários a projetos paulistas que visem o “desenvolvimento de tecnologias e produtos para aplicações em Cidades Inteligentes Cidades Sustentáveis”, como consta no edital.

“Começamos a pensar nesse projeto em 2015. Indo ao encontro das propostas da gestão Haddad, queríamos ajudar a criar uma cidade bike friendly”, conta Rafael Mosna, integrante do grupo idealizador, composto por outros três alunos. “A POLI ofereceu um curso de metodologia norte-americana, o Innovation Corps, que nos ensinou a não esquematizar protótipos baseados no ‘achismo’. Aprendemos a ouvir o cliente. Antes de começar a trabalhar em qualquer coisa, entrevistamos ciclistas, empresários, vereadores. Pessoas que realmente seriam impactadas com o que estávamos criando”, afirma.

O trabalho inicial foi desenvolver o chamado LightUp, um aparelho que, acoplado à roda da bicicleta, formasse imagens em LED e estabelecesse uma conexão com o celular por meio do bluetooth, de maneira a transmitir dados da via e rastrear o percurso. “Depois, percebemos que fazer apenas um equipamento de luz não tinha alto valor agregado. Queríamos mais. Pensamos em promover interatividade com a ciclovia, com as pessoas que estão na cidade”, declara Mosna.

Assim nasce a startup IoBike, cuja proposta é, além de instalar o dispositivo nas bicicletas, fixar diversos displays ao longo das ciclovias. O resultado é a criação de uma área de dados, os quais são automaticamente enviados aos ciclistas que passam pelo local, fornecendo informações de segurança em tempo real na tela do aplicativo. Em uma primeira impressão, esse pode parecer semelhante ao conhecido Waze, mas há uma diferença crucial: “O ciclista não vai parar de pedalar para avisar os outros usuários de buracos existentes na pista ou má condições da via. Isso precisa ser feito de forma automática”, reitera o engenheiro. Ao passar pelo problema, o aparelho reconhece-o e, por transmissão, incorpora-o ao aplicativo. 

O empreendimento também é útil para empresários, tendo em vista que, assim que a bicicleta entra em movimento, o aparelho gera imagens preestabelecidas como o logo de uma marca que esteja nas proximidades do trajeto percorrido, por exemplo. Tal mecanismo é denominado geomarketing: estratégias comunicacionais que tomam como referência a localização do potencial consumidor: “É uma nova alternativa de fazer publicidade sobre rodas. A empresa divulga seu negócio e, em troca, o ciclista recebe benefícios com ela, como pontos para trocar por produtos”, conclui Mosna.

Outro grupo beneficiado é o responsável pelo planejamento público urbano. Com os dados coletados, é possível traçar estratégias que aprimorem tanto a experiência do ciclista quanto das pessoas que são, direta ou indiretamente, impactadas pela circulação deles.