A Orquestra de Câmara da ECA (OCAM) teve um final de semana agitado. Na sexta-feira, dia 31, uma apresentação no Centro de Difusão Internacional, na Cidade Universitária, abriu a temporada 2017 do grupo. No sábado, a atuação foi na abertura da Exposição Yoko Ono, no Instituto Tomie Ohtake, e no domingo o concerto foi no Museu da Casa Brasileira.
A atuação da OCAM é um alento para a agenda cultural do estado de São Paulo, que no mês passado viu o desmonte de sua tradicional Banda Sinfônica. Os 65 músicos do grupo foram demitidos em um corte de orçamento da Secretaria de Cultura. Gil Jardim, professor da ECA, regente titular e diretor artístico da OCAM desde 2001 alerta, entretanto, que a Orquestra não pode ser vista como uma alternativa cultural à Banda Sinfônica. “Uma orquestra de câmara é uma agremiação musical completamente diferente de uma banda sinfônica”, explica. “Como alternativas culturais distintas, ambas precisam ser apoiadas e mantidas. A decisão da Secretaria não considerou a história da Banda Sinfônica e os profissionais que trabalhavam ali”.
Os músicos da OCAM são alunos da Universidade, selecionados anualmente por meio de um teste de proficiência. Geralmente, metade do grupo é composta por alunos do curso de Música da ECA, mas a outra metade inclui estudantes de outras unidades e até jovens de outros estados e países da América Latina, ligados à USP por meio de cursos de extensão. “Em 22 anos de existência, aproximadamente 500 músicos bolsistas já passaram pela OCAM”, conta Jardim.
As apresentações da OCAM na Cidade Universitária costumam ser no auditório do Centro de Difusão Internacional. “Embora não tenha sido projetada para a prática musical, essa sala é a melhor que temos hoje no Campus”, explica Jardim. “Nem o próprio Departamento do Música possui espaços adequados”. Segundo o professor, o melhor local para apresentações no Campus era o Anfiteatro Camargo Guarnieri. O espaço está fechado para reformas desde fevereiro de 2012. Em outubro do ano passado, o Jornal do Campus apurou que a previsão de reabertura do anfiteatro era para junho de 2017. Contatada para confirmar a informação, a Superintendência do Espaço Físico da USP não respondeu até o fechamento desta edição.
A OCAM segue com suas atividades no dia 28 de abril, no Centro de Difusão Internacional (leia mais no quadro ao lado). Os concertos realizados na Cidade Universitária são gratuitos.
Atualização 07/04/17:
Após o fechamento, a Assessoria de Imprensa da USP respondeu à solicitação do JC. A obra civil do Anfiteatro Camargo Guarnieri está prevista para ser finalizada até setembro de 2017. Para ficar disponível, há ainda o intervalo de tempo necessário para a instalação do mobiliário e dos equipamentos.