Campus concentra ciclofaixas na região do P1

Foto: João Paulo Almeida

O Sistema Cicloviário da Cidade Universitária foi implementado com o intuito de diminuir o grande fluxo de carros, a poluição e estimular a utilização de transporte público e alternativas sustentáveis. A primeira fase do plano, realizado em 2016, compreende a Avenida da Universidade até a Avenida Professor Lineu Prestes, indo até a rotatória na altura da Casa de Cultura Japonesa.

No restante do campus, o projeto ainda não foi feito e as faixas exclusivas não existem, com as ruas sem demarcações específicas e somente as sinalizações de trânsito usuais. Hoje, as ciclofaixas são encontradas sobretudo na região da Portaria 1, onde há, lado a lado, faixa para automóveis, ônibus e bicicletas.

“A ciclofaixa dentro da USP é importante, mas é necessário mais educação e conscientização dos motoristas, ciclistas e pedestres para compartilhar a via, principalmente nessa região “, afirma a bibliotecária Magali Machado. Ela lembra que essa parte da Cidade Universitária é utilizada como pista de treino para ciclistas,  ocorrendo ocasionalmente algumas desavenças entre ciclistas e corredores.

O usuário da via também precisa saber o caminho antes, pois é muito comum uma ciclofaixa ou ciclovia simplesmente acabar durante o trajeto, expondo os desavisados, tanto na USP quanto no resto da cidade.

As bicicletas no campus estão contempladas em um grande projeto, chamado Programa Campus Sustentável USP, com ações até 2034, e no plano Gestão Funcional Urbana conta com diversas ações de mobilidade, integração e articulação de transportes, redução de poluentes, diminuição de velocidade e acidentes, empréstimo de bicicletas, acessibilidade e qualidade de vida. Há também o plano de integração com pesquisas acadêmicas na área e maior participação da comunidade.

Da cidade ao campus

Assim como no campus, a bicicleta é utilizada também como meio de transporte em São Paulo. A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, através de nota à imprensa, afirma que deu início a um projeto de revitalização e revisão das ciclovias com o objetivo de garantir a convivência, com segurança, entre bicicletas e os demais veículos em São Paulo.

O plano prevê a revisão da malha cicloviária da cidade, com mudanças em todos os bairros, a alteração e eliminação de alguns trajetos e a transformação de trechos em ciclorrotas, com o compartilhamento de ruas de tráfego menos intenso entre bicicletas, carros e motocicletas.

A cidade tem 17 mil quilômetros de ruas, sendo quase 500 km destinados aos ciclistas, que ganharam faixas exclusivas sobretudo na gestão Haddad. As mudanças impactaram a cidade e mostram que trânsito e deslocamento são questões primordiais para os paulistanos. Contudo, em 2017, na gestão Dória, o plano de mobilidade mudou, gerando novas polêmicas.

Nessas vias, será privilegiado o uso comum da via, sem uma separação física específica.

De acordo com o secretário de transportes Sérgio Avelleda “nós temos que entender que o tráfego é feito com compartilhamento. Se nós dissermos que a bicicleta só pode circular em via segregada, nós vamos reconhecer um retrocesso e negar um direito ao ciclista”.

Essa visão defende que a bicicleta deve circular também em vias comuns, com a revisão da velocidade para automóveis e novas sinalizações para os ciclistas.

O jornalista e ciclista urbano, Fábio Mitsuo, discorda do novo plano: “Tirar as ciclovias e ciclofaixas será um retrocesso para uma cidade que, aos poucos, está se acostumando com mais bicicletas nas ruas. Isso vai desencorajar pessoas que acabaram de começar ou gostariam de tentar, e acaba reforçando a cultura do medo que já existe na questão de segurança urbana, por exemplo”.

As primeiras alterações ocorrem na Zona Leste, no bairro da Vila Prudente e na Zona Oeste, na Rua da Consolação.

“Acabar com a ciclovia na rua da Consolação vai prejudicar muita gente, pois ali é um acesso e conexão de quem vem da Paulista e região Oeste para o centro, e vice-versa. Sem ela, os ciclistas vão continuar usando a via e disputando espaço com carros como era antigamente, aumentando o risco de acidentes e até mortes.” completa Mitsuo.

A questão das bicicletas divide opiniões, sobretudo dos comerciantes, que apontam a necessidade de novas alternativas ao trânsito mas reconhecem o transtorno causado por uma ciclovia em sua porta. “É muito movimento, pessoas andando e carros entrando na calçada das lojas para estacionar. Se fosse removida para uma rua paralela seria mais seguro para todos”, afirma o vendedor de lâmpadas Antônio Carlos Soares.

“Basta ter atenção redobrada na descida, ficar alerta e olhar na hora dessas entradas de loja e conversões à direita que não tem problema”, defende Mitsuo.
Segundo a prefeitura, a ideia do novo plano de mobilidade é tentar manter as ciclovias já existentes, propor parcerias público-privadas e ouvir o lado da sociedade e dos ciclistas.

 

Concurso busca novos projetos de mobilidade

Na Cidade Universitária um concurso cultural de mobilidade está em busca de novas ideias para o campus. Promovido pela Superintendência de Gestão Ambiental (SGA-USP), a ideia é buscar projetos através da participação de alunos, professores, funcionários e antigos estudantes. O vencedor terá seu plano de mobilidade implementado no campus de São Paulo, que pode ser o modelo para os outros campi também. O participantes pode participar sozinho ou através de equipes, indicando o objetivo, a viabilidade e previsão de orçamento.

O concurso “Soluções de Mobilidade para o Campus da Capital” da SGA faz parte do Programa de mobilidade da superintendência, que por sua vez faz parte do Plano Ambiental da USP. Esse plano abrange políticas que incluem recursos naturais, energéticos, fauna, solo, sustentabilidade, resíduos e educação.

Essa é a forma encontrada pela administração para aproximar a comunidade dos projetos de gestão, uma vez que envolve todos que passam pelo campus. Além disso, com esta abertura, podem surgir projetos inovadores ou com novas concepções, já que pessoas de diferentes áreas e com diversas visões e opiniões podem participar.

Trânsito, áreas de convivência, faixas exclusivas de ônibus, ciclofaixas, semáforos, transporte motorizado ou não, rotatórias, natureza e qualidade de vida e todas as questões de mobilidade  fazem parte do concurso, que pode ter como vencedor um novo aplicativo para smartphones, um evento sobre o tema, ou até mesmo a proposta de uma nova regra para a sociedade.

O prazo de inscrição é 15 de maio e o edital completo, com o formulário de inscrição, está no link: https://goo.gl/rTHi0a