Em Lorena, infraestrutura preocupa atletas

Vice-campeã do Caipirusp, EEL busca alternativa para treinos fora do campus

Quadra da Escola de Engenharia de Lorena em maio de 2017. (Foto: Luiza Lus)

Por Giuliana Viggiano e Vinicius Sayão

Os atletas da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP vêm sofrendo com a falta de infraestrutura esportiva nos campi. Problemas como os da faculdade dificultam a prática esportiva e os treinos para competições, o que afeta não apenas os resultados nas competições, mas também a segurança dos graduandos.

A EEL é responsável por quase 2 mil alunos de diversas engenharias: química, materiais, industrial, entre outras. Por mais que a USP de Lorena seja composta por dois campi, a estrutura esportiva não é o suficiente. “A USP não tem toda a infraestrutura necessária, então precisamos usar os ambientes da prefeitura”, afirma Luiza Lus, responsável por encomendas da Atlética EEL-USP.

Os alunos da Escola contam com dois campos de grama, três quadras poliesportivas e uma quadra de vôlei de areia. Entretanto, não há piscinas e pistas para o treino de modalidades como o atletismo. Além disso, os alunos relatam que por mais que tenham o espaço para praticar esportes, ele não está em bom estado: “Nos campos, ou falta gramado ou ele está alto demais. No último treino tivemos que jogar só na metade em que não havia mato”, relata Luiza Lus, que também faz parte da equipe de futsal.

Ainda segundo a atleta, as chuvas do começo do ano prejudicaram mais a infraestrutura do campo, mas nada foi feito até agora: “O alambrado caiu e a tela protetora está no chão, o que torna a situação ainda pior”.

Outra questão em voga em Lorena é a segurança. A falta de iluminação perto dos campos, os horários de treinos ruins e a sensação de insegurança fazem com que a qualidade da prática esportiva piore.

Entretanto, uma das soluções encontradas pelos alunos foi a utilização da infraestrutura da prefeitura da cidade. Segundo Ana Julia Junqueira, diretora de marketing da Atlética EEL-USP, essa parceria facilita os treinos, mas ainda há problemas: “A adequação de horários é difícil, já que a cidade também tem atividades próprias… E a infraestrutura disponibilizada pela prefeitura também não é muito boa, o que dificulta”, afirma.

Já para Luiza Lus, a maior dor de cabeça são os alvarás, que sempre demoram para sair. Durante o tempo de espera, as seleções buscam locais particulares, mas como cada modalidade era responsável por pagar o aluguel da quadra, a situação ficou inviável: “A mensalidade do local era muito alta e não temos caixa para pagar”, afirma.

Outra questão é a adequação dos ambientes aos de campeonatos oficiais, já que as quadras são de tamanhos diferentes e os campos não têm nem marcação delimitando o meio de campo ou a área do gol. Luiza Lus também conta que as quadras estão em péssimo estado: piso esburacado, grades e telas caindo e arquibancadas ruins são só alguns fatores. A reportagem do JC não conseguiu contato com nenhum responsável da EEL até o fechamento desta edição.

Para Ana Julia Junqueira, contudo, o que precisa urgentemente de melhora é a relação entre a USP e a prática esportiva: “Temos pouquíssimo apoio e nos viramos bem, mas com ajuda seria muito melhor. [Sem apoio] é tudo muito difícil para conseguir”, afirma.

Felizmente, o que anima a diretora de marketing são os bons resultados obtidos pela Atlética EEL-USP nas competições: “Se tivéssemos uma estrutura como o Cepe ou a Caaso seríamos imbatíveis, porque assim já somos gigantes”, brinca a diretora de marketing.

Por outro lado…

Na contramão de Lorena, o campus da USP de Ribeirão Preto possui mais de 10 mil alunos, o que traz uma alta demanda de espaço. No aspecto esportivo, a USP Ribeirão não decepciona: oferece o Centro de Educação Física, Esportes e Recreação, o Cefer.

A estrutura do Centro, que conta com piscina, duas quadras poliesportivas, campo de futebol, campo reduzido, pista de atletismo e duas quadras de tênis, é elogiada pelos estudantes. As atléticas possuem horários reservados para treinar suas equipes, no entanto, ainda há disponibilidade de horários para que os alunos usufruam do Cefer: “Sempre tem hora livre durante à tarde para diversão”, comenta Caíque Chiba, estudante da Escola de Educação Física e Esporte da USP de Ribeirão Preto.

A variedade entre modalidades também é um aspecto positivo: são oferecidas desde as mais comuns, como natação, atletismo e futsal, até hatha yoga e pilates.

Por outro lado, o centro também sofre com alguns problemas estruturais, com partes expostas ao clima: “Nas quadras descobertas, o piso não é bom e as tabelas já estão com o material prejudicado”, afirma Silas Andrade, atual presidente da atlética da EEFE de Ribeirão. Apesar dos problemas, a estrutura esportiva do campus é referência se comparada às outras do interior.

A realidade nos outros campi do interior

(Arte: Marcos Hermanson)

Para comparar as estruturas esportivas uspianas no interior, o JC foi atrás de dados e opiniões dos alunos a respeito dos outros campi, com o foco nos centros de esportes e na demanda de acordo com o número de estudantes.

Bauru: Com apenas dois cursos de graduação, o campus tem menos de mil alunos cadastrados. A estrutura conta com uma quadra e um campo de futebol de boa qualidade, que ficam ao lado da área da faculdade e atendem a este número de alunos.

Pirassununga: Com espaços para a prática de esportes fora e dentro do campus, a estrutura conta com duas quadras poliesportivas, uma quadra de tênis, uma quadra de vôlei de areia, um campo e bom espaço para atletismo. A faculdade tem cerca de 1.700 graduandos e pós-graduandos.

Piracicaba: Aproximadamente 3.500 alunos, divididos em 7 cursos de graduação, usufruem de uma quadra fechada, duas externas, duas quadras de tênis e um campo de futebol. A Seção Técnica de Práticas Esportivas (SCPRAES) se localiza dentro do campus Luiz de Queiroz.

São Carlos: Quatro quadras, duas quadras de tênis, um ginásio poliesportivo e uma piscina formam o complexo esportivo, localizado no centro do campus I. Apenas a piscina está em má qualidade. A unidade conta com cerca de 8 mil alunos.