IPEN recebe licença ambiental para operação

(Foto: Diogo Magri)

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) expediu uma Licença Ambiental de Operação pelos próximos dez anos ao IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), que fica localizado dentro da Cidade Universitária. A licença permite o funcionamento do Instituto com base no compromisso de seus pesquisadores com as questões sócio-ambientais de preservação natural envolvidas.

Para Frederico Genezini, pesquisador do Centro do Reator de Pesquisa (CRPq) do IPEN, essa licença é como um “voto de confiança” do Ibama. O local já tinha uma licença temporária, de três anos, que o obrigava a se adequar ao regulamento ambiental necessário. “Houve um investimento para que as exigências fossem cumpridas nesses três anos. A nova licença veio porque o Ibama viu que estávamos tomando atitudes; nunca tínhamos conseguido algo desse prazo”, explica Frederico.

O pesquisador reforça que as adequações ainda estão em progresso. A ideia é que, no futuro, cada um dos 11 centros de pesquisa do IPEN cuidem, separadamente, de seus efluentes – materiais provenientes das atividades que são descartados na natureza. Hoje, o Instituto controla tudo de forma geral. E o desafio em seguir as normas do Ibama está justamente nessas mudanças: “A parte difícil é a ‘reforma’. Começar um instituto do zero seria mais fácil, por já ter as normas para seguir”, justifica o Representante da Direção na Área Ambiental do CRPq, Paulo Sergio Cardoso da Silva. O custo das adequações, segundo ele, também colaboraram para a demora em conseguir a licença.

O Instituto foi fundado em 1956. “Não existia regulamentação. A medida que ela é criada, nós temos que nos atualizar”, diz Paulo Sergio. “Se adequar às exigências do Ibama virou questão de ordem institucional”, completa Frederico. De acordo com ele, poucos institutos têm essa licença, mas a tendência é que apareçam cada vez mais – e que a licença do IPEN, daqui dez anos, após passar por nova avaliação, seja renovada. “Se acharem que não está funcionando da maneira adequada, as autoridades podem fechar os institutos”.

Atividades nucleares Do ponto de vista radiológico, as atividades realizadas no IPEN que oferecem um potencial risco envolvem dois reatores nucleares, a área de radiofarmácia, o irradiador, composto de barras que emitem radiação gama, e uma fábrica de combustível nuclear, que mexe com urânio. Frederico Genezini tranquiliza ao dizer que o trabalho é feito seguindo à risca as medidas de segurança do CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), órgão regulatório das pesquisas.

Segundo Frederico, a regras são muito rígidas por conta da sensibilidade do assunto. “Qualquer acidente nuclear, por menor que seja, gera uma comoção muito grande e de repercussão internacional”. O pesquisador comemora a segurança por meio do histórico: “Nunca tivemos nenhum acidente. Agora, também foi verificado não temos riscos potenciais no aspecto ambiental”.

Submarino da Marinha O Centro Tecnológico da Marinha do Brasil em São Paulo (CTMSP), também localizado na Cidade Universitária, tem o projeto de desenvolvimento de um submarino nuclear. Neste submarino, um reator nuclear funcionaria como motor do veículo. Apesar de não estar diretamente envolvido com o submarino, o IPEN está relacionado ao projeto. “Eles estão fazendo um reator em terra para poder estudá-lo antes de começar o que será, de fato, usado. Nesse primeiro, nós ajudamos com alguns testes, como os de combustível”, explica Genezini.
O assunto, apesar de explicado no site oficial da Marinha do Brasil, ainda é tratado com certa confidencialidade pelas partes envolvidas. O CTMSP é, segundo Frederico, um cliente do IPEN. “Nós, na verdade, tentamos divulgar o máximo possível. Mas ainda é, de certa forma, secreto”, diz ele. O professor ainda atenta para o controle de segurança feito dentro do CTMSP: “Por ser da Marinha, a rigidez deve ser ainda maior do que aqui”.