Tem que mudar isso aí, viu?

Por Jasmine Olga

Nos primeiros cem dias do novo governo federal, as reformas se tornaram assunto corriqueiro na vida do brasileiro. Elas vão além da Previdência, do ajuste fiscal ou de questões trabalhista. No Planalto Central entra em pauta a reforma da História, dos Costumes e da Educação. Ditadura? Na verdade, revolução. Educação? Pelo fim da ideologia e doutrinação, também tem que mudar, nem que seja para pior.

No lado de cá do muro, as reformas (ou falta delas) também movimentam o dia-a-dia do uspiano. A Universidade de São Paulo acumula uma história quase centenária, alternando momentos de resistência e mudanças, mas sofre com problemas bem parecidos com os dos modernos millenials, que habitam suas salas de aula: ansiosa, sobrecarregada e sem dinheiro.

Na maior universidade da América Latina, orgulho de seus estudantes, faltam professores e estrutura básica para alunos e, quem diria, até mesmo para os cachorros. Faltam reformas no sentido mais bruto da palavra. As inevitáveis águas de março deixam a sua marca em auditórios, ateliês e equipamentos. Museus são fechados sem previsão de abertura. E onde acontecem, por serem necessárias, as reformas geram polêmicas.

Mas da Alesp vem a brilhante solução: o uso de drogas é o que emperra a universidade pública. Vamos testar todo mundo que tá aí. Preocupação honesta e plausível ou apenas cerceamento da liberdade em nome de uma agenda conservadora?

Arte: Gabriel Costa

Estamos doentes, e na conjuntura atual, nos falta até mesmo um hospital. Em março de 2014, o Jornal do Campus trazia aos seus leitores a notícia que o corte de verbas no HU não afetaria o atendimento. O tempo (e o orçamento) não foram tão generosos e as reformas também vieram.

Ano após ano os cortes de verba podaram a administração do hospital que hoje agoniza. Greves, ameaças de desvinculação, Programa de Incentivo à Demissão Voluntária, mais greves e brigas orçamentárias viraram rotina neste jornal.

As 3 mil pessoas que passavam mensalmente pelo pronto socorro hoje dão de cara com a porta fechada. O Hospital Universitário virou sinônimo de precarização e segue na espera de dias melhores.

Queria poder dizer que o JC desta quinzena traz notícias otimistas, como aquelas de 2014. Queria poder falar que sabemos como os R$ 40 milhões destinados ao hospital serão utilizados. Não podemos. Nem mesmo sabemos onde o dinheiro está. Ao HU só resta sonhar.

A nós, do lado de cá do muro e sem poder suficiente para fazer as mudanças acontecerem, nos resta a missão de informar e transformar o uspiano na ferramenta certa para fazer as reformas necessárias. Do jeito que está, não dá para ficar e a gente quer ajuda para mudar isso aí, tá OK?