Falta de professores provoca atraso na formatura de turmas da FoFiTO

Professores chegam a dar 10 disciplinas para suprir a falta de profissionais; contratações não estão previstas

Por Larissa Vitória

Os alunos e professores dos cursos de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional sentem diariamente o peso de compor apenas um dos 17 departamentos da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Aposentadorias e demissões deixaram buracos de docentes para disciplinas obrigatórias, que não são preenchidos pela administração da Universidade.

O problema da falta de docentes não é novidade para os alunos da FoFiTO. “Na Terapia Ocupacional (TO), onde entrei em 2016, chegamos sabendo da questão dos professores. Quatro haviam se aposentado entre 2015 e 2016”, conta Isabella de Paula. “Também entrei em 2016 e, no início daquele ano, a gente já tinha perdido dois professores e fechado alguns estágios”, completa Thauane Moura, aluna de Fonoaudiologia.

Por: Larissa Vitória

Em 2015, o JC fez uma reportagem sobre a situação e anunciou: o não oferecimento de disciplinas resultaria em turmas que não poderiam se formar no período ideal. A previsão se concretiza em 2019, quando os alunos do atual 5º ano de Fonoaudiologia não poderão se formar graças à pendência em duas matérias obrigatórias, sem professor. Neste curso, os docentes chegam a assumir uma média de 10 disciplinas.

Absorvidos

Na Terapia Ocupacional, a situação também se agrava. Segundo as professoras Marta Carvalho, Elizabeth Araújo e Sandra Galheigo, as docentes estão sobrecarregadas. “Até cinco anos atrás, a Terapia Ocupacional contava com 15 docentes. Cinco se aposentaram”, contam.

Quando abre-se uma vaga para contratação de docente na FMUSP, os cursos são ranqueados de acordo com as necessidades de cada um. “No início de 2018 tivemos duas contratações de docentes”, relatam.

Mas essa não é a regra. Pelo fato da FoFiTO ser apenas um departamento com três cursos e o curso de Medicina ter 16 departamentos, os contratados são absorvidos antes que possam chegar a eles.

Resposta

As alunas entrevistadas contam que passaram por todas as esferas de poder da Universidade em busca de solução, incluindo a diretoria da Medicina e a reitoria de Vahan Agopyan. “É sempre paliativo, do tipo ‘a Universidade está em uma situação ruim, não tem o que fazer’ e oferecendo professores temporários. Passam-se dois anos e a situação continua a mesma”, explica Thauane.

No ano passado, a USP anunciou que contrataria 550 novos professores até 2020. Segundo a professora Claudia Furquim, titular do curso de Fonoaudiologia, essas contratações ainda não foram realizadas. Em um quadro ideal, seriam necessários 56 professores para os três cursos. O número atual é de 37.

Questionada, a assessoria de imprensa oficial da FMUSP informou que enviaria um retorno até sexta-feira (05). Até o fechamento desta edição não recebemos respostas.