Pisa ligeiro, pisa ligeiro

Por Ane Cristina

Arte: Damany Santos

15 de maio de 2019, quarta-feira. Manifestações contra os cortes na educação propostos pelo governo Bolsonaro marcadas em várias cidades brasileiras. Em São Paulo, a grande concentração seria no MASP, na Avenida Paulista.

Para os estudantes da USP, o ponto de encontro seria o Portão 1 (P1), de onde pegariam o metrô para a Av. Paulista. O número de uspianos que compareceu foi tão grande que o plano mudou: ir andando, do Butantã, até a Av. Paulista. Quase 8 km. E foram. E fomos.

A cada momento chegava mais gente. Vários institutos da USP, presentes. E lá, outras Universidades federais, estaduais e até particulares gritavam as mesmas músicas em coro. Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga, não atiça o formigueiro.

Falando em união de universidades, nesta edição duas matérias explorarão como os cortes afetarão outras federais de São Paulo, a Ufabc e a Unifesp.

A existência das Universidades é importante não apenas para aquele que passou no vestibular, mas para a sociedade como um todo. Será que passar as madrugadas vigiando (e descobrindo) estrelas no IAG é balbúrdia? Será que desenvolver uma teoria matemática e ter seu projeto de pesquisa escolhido para receber uma verba de R$ 1 milhão é balbúrdia? E desenvolver um algoritmo que diagnostica doenças e pode até prever mortes, será balbúrdia?

E, apesar de toda a relevância da Universidade, das pesquisas e dos projetos aqui desenvolvidos, os problemas são muitos e há várias faltas. Falta Wi-fi no Crusp, falta frota suficiente de circulares para os alunos chegarem à tempo às suas aulas, falta apoio para quem busca auxílio no Escritório de Saúde Mental da USP. Na EACH, infelizmente, sobra água e terra contaminadas. Na ECA, o futuro dos espaços estudantis é incerto.

O protesto do dia 15 teve uma resposta no mesmo nível. Várias manifestações pró-Bolsonaro, à favor da Reforma da Previdência, do pacote anticrime e até dos cortes na educação aconteceram neste domingo (26). O Jornal do Campus esteve presente e trouxe diversas análises sobre os protestos.

Afinal, é isto que é viver num estado democrático. Poder opinar e se manifestar, contra ou favor. No fim das contas, a amplitude de opiniões e lados é maior do que a gente imagina.

E o lado certo, existe? Quem está nesse lado?

Eu certamente não diria que é alguém contra a Educação.