Por Alex Amaral
Nas últimas semanas, a comunidade da USP viveu na prática o que muitos tinham ideia, mas não esperavam que aconteceria: a vulnerabilidade virtual na universidade. A série de ataques cibernéticos que derrubou sistemas, travou rotinas, desorganizou o cotidiano e escancarou uma estrutura digital fragilizada — além de uma resposta institucional lenta, confusa e, frequentemente, sem transparência.
A realidade é que, quando o suporte falha, quem segura as pontas é o estudante, o servidor técnico-administrativo, o docente — improvisamos soluções, nos apoiamos mutuamente e tentamos manter o mínimo de funcionamento no caos. E não é de hoje.
Nas salas de aula superlotadas, nos laboratórios precários, nas infiltrações que se repetem, nas vivências sem acessibilidade, nos equipamentos quebrados do CEPEUSP, mora a confirmação de um problema maior: a manutenção da universidade deixa muito a desejar. Quem circula pelo campus vê isso todos os dias. E você confere uma radiografia desses problemas nesta edição do JC.
É exasperador ver a maior universidade pública do país funcionar à base de remendos. Porque enquanto se investe em propaganda, em selos sustentáveis e em discursos de excelência, a base segue rachada. Literalmente.
Queremos sustentabilidade, sim. Queremos inovação, tecnologia, futuro. Mas também queremos o básico funcionando: redes seguras, prédios com boa infraestrutura, espaços onde possamos existir com dignidade. E isso não é luxo. É o mínimo.
A administração pública tem especificidades que às vezes torna os processos mais lentos, mas normalizar o descaso não pode ser uma opção. A USP avançaria se escutasse sua comunidade e trabalhasse em conjunto para superar as dificuldades. Permanecer, resistir e persistir virou rotina, mas normalizar o descaso não pode ser uma opção. É hora de parar de fingir que está tudo bem. Não está. E a USP precisa escutar.