Projeto para canil gera crise entre Cocesp e voluntários

Passeata ocorreu dia 30/04, houve "latidaço" na frente da Reitoria (foto: Marina Pinhoni)
Passeata ocorreu dia 30/04, houve "latidaço" na frente da Reitoria (foto: Marina Pinhoni)

Faixa afixada na entrada da Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp) apresenta a informação de “desativação do canil” da USP. Os voluntários que mantêm o canil, destino dos animais abandonados no campus, alegam que não foram informados sobre o novo projeto. Decidiram organizar manifestações, já que não obtiveram resposta do coordenador da Cocesp, Antonio Massola. Após repercussão nos meios de comunicação, nota oficial da Reitoria afirma que o canil “não será desativado” e que “foi iniciado estudo sobre o destino dos animais abandonados”.

Foi apresentado ao JC um rascunho do estudo proposto, denominado Programa de Monitoramento Animal do Campus da Capital (ProMAC). A desativação em médio prazo do canil está incluída no estudo, que prevê ampla campanha ao longo dos próximos quatro anos. Entre as ações estão: o treinamento da Guarda Universitária para evitar abandono, identificação de todos os animais, atendimento e castração pela Veterinária, parcerias externas com órgãos governamentais e não governamentais, campanhas permanentes de posse responsável e adoção. As formas de implementação não ficam claras no documento. Segundo Massola, elas serão discutidas com “todos que quiserem ajudar”.

Ricardo Prist, veterinário consultor da Cocesp, afirma que há a necessidade de institucionalização e ampliação do atendimento, já que “se perdeu o controle do que acontece dentro do canil”. “Ele está superlotado. Em um espaço para 50 ficam mais de 100, isso é prejudicial para os animais”, afirma. Tibor Rabóczkay, responsável pelo canil, duvida das intenções da Cocesp. Ele argumenta que o projeto já é institucionalizado através do programa USP-Convive, mas admite que o volume de cães abandonados é muito maior do que o abrigo comporta e que não há ajuda da USP “A Veterinária, por exemplo, sempre nos negou atendimento”. Atualmente, a Cocesp apenas cede o espaço e contribui com a ração. Todos os gastos com tratamento e castração são cobertos pelos voluntários. Além disso, desde 2005 o grupo Patinhas On-line promove a doação dos animais através de site.

Massola admite não ter entrado em contato com os voluntários nem com Rabóczkay. “Nós falaremos com eles quando o projeto estiver melhor encaminhado. Por enquanto, foi realizada apenas uma reunião com o prof. José Visintin (diretor da Veterinária). Não está nada definido”, afirma. Segundo ele, o projeto segue as definições do Fórum sobre o Espaço Público, que aconteceu em 2008 e reuniu pessoas da comunidade USP para discutir o melhor uso do campus.