Centro de Processamento de Dados do CCE opera no limite

O Centro de Computação Eletrônica (CCE) da USP está operando no limite da carga de energia que pode suportar. Segundo Alberto Camili, diretor técnico da divisão de operações, o centro está praticamente impossibilitado de abrigar novas máquinas de alto desempenho. Em menos de três meses o sistema de energia da unidade sofreu duas sobrecargas, mostrando a necessidade de novos equipamentos para aumentar sua capacidade. Enquanto se espera, metade de um supercomputador permanece desligada.

O CCE concentra a manutenção de vários equipamentos de informática da USP, como servidores administrativos responsáveis pela matrícula de alunos, pela área financeira e pelo e-mail da Universidade, além de supercomputadores utilizados em pesquisas. A alimentação do maquinário, assim como o resfriamento com ar-condicionado, é concentrada num local chamado data-center, que requer grande quantidade de energia.

A primeira sobrecarga foi em dezembro, quando um gerador superaqueceu. “O gerador esquenta quando ele tem que fazer muito esforço, e ele faz muito esforço quando a carga é muito alta”, comenta Camilli. A segunda foi em janeiro, com a queda de um disjuntor. Para diminuir a necessidade de energia, a saída foi o desligamento de metade de um supercomputador.

“O supercomputador é um comedor de energia”, comenta Camilli. Hoje em dia o CCE trabalha com cerca de 135KW, para uma capacidade máxima de 200KW. Se a outra metade do Mamute – os supercomputadores são tradicionalmente batizados – fosse ligada, a máquina trabalharia com cerca de 165KW, uma margem de segurança pequena demais.

Para Marília Junqueira Caldas, pesquisadora do Instituto de Física (IF), “na hora da escolha foi sacrificada a pesquisa”. Ela ressalta que, para se chegar às “fronteiras da investigação científica”, é necessário o uso de computadores de alto consumo energético que o CCE não tem condições de abrigar no momento. Como conseqüência, parte da pesquisa da USP acaba indo para o exterior ou para outros centros de São Paulo, como o Cenapad, ligado à Universidade de Campinas (Unicamp).

Nos últimos anos, os supercomputadores passaram a ter que competir por energia com equipamentos de informática mais simples, como CPUs que, embora não consumam grandes quantidades de energia individualmente, têm barateado e se multiplicado. “Com a verba que um pesquisador gastava um watt, hoje em dia ele gasta dez”, diz Camilli.

Aumento da capacidade

Desde 2006, com a chegada do Mamute, o CCE tenta aumentar sua capacidade. Há transformadores de entrada – dispositivo que recebe energia da concessionária – mais potentes em fase de licitação. Um novo sistema de ar-condicionado terá seu edital adaptado após resolução da Consultoria Jurídica da USP, o que deve atrasar o projeto em um ano. “Ficaremos o ano todo tendo de fazer contingências”, comenta Camilli.

A compra de novos geradores adequados à capacidade de energia também está nos planos. Espera-se que a capacidade seja, pelo menos, cinco vezes maior que a atual.

Em menos de três meses, sistema de processamento sofreu duas panes (foto: André Cabette Fábio)
Em menos de três meses, sistema de processamento sofreu duas panes (foto: André Cabette Fábio)