Sinalização precária dificulta deslocamento na USP

(ilustração: Carol Rodrigues)O que há em comum entre calouros, visitantes e entregadores que vêm à USP pela primeira vez ou eventualmente? Todos se perdem. Essa foi a resposta de R.V.., motoboy de uma pizzaria no Rio Pequeno, que não quis ter o nome divulgado. Ele conta que a primeira vez que veio ao campus, a pizza chegou fria ao destino porque simplesmente não conseguia achar a faculdade que fez o pedido. Já Laura Mello, do primeiro ano de Design na FAU, diz que demorou a encontrar o restaurante da Química: ”não há placas indicando o caminho”, lamenta.

O problema é confirmado pelos guardas das guaritas espalhadas pelo campus. Eles dizem que tentam ajudar, mas pelas dimensões da Cidade Universitária, uma informação não costuma ser suficiente.  “Sinalização aqui não existe”, dizem.

Desde 1999, no entanto, existe um projeto para corrigir o problema, mas que nunca foi totalmente implementado. Coordenado pelo professor Issao Minami e sua equipe do Laboratório da Imagem da Comunicação Visual Urbana (Labim), da FAU, abrange desde placas de sinalização direcionais e toponímicas até mapas, totens e estandartes para informações temporárias como eventos e concursos.

“Quando redesenhamos a identidade visual da USP no final dos anos 90, queríamos evocar o novo milênio com algo simples, além de adotar um sistema de identificação como nos parques”, diz o professor Minami, premiado na III Bienal Internacional de Arquitetura pelo projeto de comunicação visual de Palmas/TO. Ele afirma que não há justificativas para a interrupção do projeto no campus. “Os totens e placas foram executados na própria USP, a preço de custo. Falta vontade política”.

O engenheiro Samir T. Hamzo, assistente técnico do gabinete do coordenador do Campus da Capital (Cocesp) diz que o órgão considera a sinalização dos logradouros importante e tem se esforçado para dar continuidade à colocação de totens e placas, interrompida após 2001. “Estão sendo efetuadas manutenções de caráter corretivo com substituição de letreiros e limpeza para maior visibilidade”, afirma.

Recentemente, podem ser vistas no campus placas marrons indicando a localização de museus e acervos. Elas foram projetadas por profissionais da própria Cocesp, assim como um novo projeto para colocação de placas azuis semelhantes às das ruas de São Paulo. O professor Minami considera as iniciativas inadequadas, uma vez que já existe um plano aprovado. “É mais poluição visual”, diz.