Quando Claudivan Ribeiro, aluno do 6º ano de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, viu o cartaz de uma mãe à procura de um professor de matemática para seu filho, resolveu pôr em prática um projeto em que vinha pensando: criar um site que reunisse oferta e demanda por aulas particulares. Cinco colegas de curso do IME toparam o desafio: Alberto Bueno Júnior, André Casimiro, Francisco Sokol, José David Curado e Tiago Nicolosi Bomveti. Juntos e usando o tempo livre entre uma aula e outra, eles colocaram no ar o site Profes, em 5 de março de 2012.
“No Profes você encontra professores particulares de vários assuntos, entra em contato direto com eles e marca uma aula. Dá para classificar pelos profissionais mais bem recomendados e também pelos que estão mais próximos da sua casa”, explica Claudivan. A iniciativa tem mostrado resultados, pois com um pouco mais de um mês no ar o site recebeu cerca de três mil visitantes e já conta com mais de 180 cadastrados. O serviço não se restringe a São Paulo e é totalmente gratuito. “Já existem alguns sistemas parecidos em que o professor tem que pagar e a nossa ideia não é essa”, diz Tiago.
Como usar
Para participar, o professor cria um perfil fornecendo algumas informações básicas, como nome, sobrenome, disciplina(s) que ministra, e-mail, cidade e estado. Ele também pode acrescentar outros dados opcionais, como sua formação, foto, preços das aulas, telefone(s) – incluindo a operadora – e endereço. O aluno não precisa de cadastro, basta navegar no site, utilizar uma das formas de classificação dos professores – especialidade, local de atuação, recomendações –, escolher um e entrar em contato direto com ele por e-mail. A segurança das informações presentes no site foi uma preocupação da equipe do Profes – e-mail e telefone(s) dos profissionais são protegidos e seu endereço é aproximado, dado pelo CEP -, mas, uma vez feito o contato, a responsabilidade pelo encontro passa a ser de professor e aluno.
O Profes também está conectado ao Facebook e os usuários podem recomendar os profissionais e deixar comentários em suas páginas, o que também será publicado no perfil do próprio usuário na rede social. “Achei uma ótima ideia, pois alunos que não sabem onde encontrar professores mais próximos da sua casa podem fazer isso através do site e também é muito bom para os professores, pois ajuda a divulgar nosso trabalho”, opina Bianca Cremonez Magnelli, que oferece aulas de biologia no Profes e é formada em nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da USP.
Vencendo dificuldades
Durante o processo de criação do site, os estudantes tiveram problemas com o acesso à internet sem fio. . “Quando a gente encontrava uma sala com uma mesa livre e lugar para sentar, não tinha rede. Quando tinha, não dava para sentar.”, conta Alberto, sobre o sinal da USP Net, rede sem fio que cobre a Universidade. Para conseguirem trabalhar, os estudantes iam muitas vezes à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), vizinha do IME. Sobre o assunto, o professor Carlos Eduardo Ferreira, vice-diretor do IME e responsável pela rede Linux do Instituto, instalada nos laboratórios pró-aluno, falou ao JC: “Está em nossos planos habilitar para a rede Linux, a que os estudantes de graduação têm acesso, as mesmas antenas que geram sinal para a rede IME, que não é aberta aos graduandos. A tecnologia existe e está disponível, só falta implementarmos”.
O esforço dos estudantes mereceu elogios: “É importante colocar os conhecimentos à prova e aplicar o que se aprendeu, assim como exercitar a capacidade de realização e a criatividade. O projeto é original e provê um serviço útil à comunidade”, diz Marco Dimas Gubitoso, professor de Ciência da Computação do IME.
Para quem não quer “esperar chegar o fim do semestre”, como diz o lema de um dos cadastrados no Profes, existe agora uma alternativa para procurar aulas particulares além do boca a boca ou de colar cartazes por aí, como fez a mãe que abriu esta matéria, Roberta Costa, e que, enfim, encontrou em Claudivan o professor que seu filho precisava. “Acho ótimo que aquele modesto cartaz tenha se transformado em algo que possa ajudar a comunidade. Claro que preferiria mil vezes acessar o site a colar cartazes! Imagino que deva existir por aí uma legião de pais que aprovariam e adeririam a esse serviço”, elogia ela.