Depois de dois anos da morte de Felipe Ramos de Paiva, no estacionamento da FEA-USP, somente o convênio com a Polícia Militar entrou em vigor, entre todas as propostas de ação por segurança publicadas pela reitoria, quatro meses depois do assassinato. Com o objetivo de suprir a carência de discussão acerca da segurança na USP, o Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC) criou um fórum com o nome do estudante, que promoverá encontros e palestras periódicos.
“Apesar da elevação considerável da presença policial no campus, ainda falta o debate em seu conjunto de propostas de ação”, declara João Moraes Abreu, presidente do CAVC, na inauguração do Fórum, que ocorreu no dia 06 de junho.
Para Luiz de Castro Júnior, superintendente de Prevenção e Proteção da USP (PPUSP), a entidade encontra dificuldades para garantir a segurança na universidade. “Se a PPUSP não possui o poder pleno de polícia, é preciso que cada um tome cuidados, diminuindo atrativos, para evitar tornar-se alvo de delitos”, disse, ao defender a prevenção primária.
Castro Júnior, sobre os investimentos concretos na universidade, aponta a importância da infraestrutura. “É preciso trabalhar o ambiente, para garantir a segurança visível. A iluminação, por exemplo, tem o poder de inibir o comportamento delituoso e é capaz de gerar sensação de segurança”. No entanto, o novo sistema de iluminação dos campi, que teve seu primeiro edital de licitação publicado em junho de 2011, só começa a ser implantado este mês, depois de duas impugnações por suspeita de direcionamento a uma só empresa concorrente e uma revogação partindo da própria USP, sob alegação de erros no texto-base.
Para justificar a demora na burocracia do novo sistema de iluminação, o prefeito do campus Butantã, José Sidnei Colombo Martini, alegou que quase não havia oferecimento da tecnologia almejada, no país. “Devido à situação não condizente do mercado, quanto ao oferecimento de tecnologias, várias medidas foram tomadas pelas empresas concorrentes à licitação, que, com seus interesses contrariados, buscavam atrasar e impugnar o edital”, declarou.
Também esteve presente na inauguração do fórum a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEVUSP), Ariadne Lima Natal, sugerindo alternativas ao sistema de segurança atualmente praticado na USP. De acordo com Ariadne, o melhor programa de segurança para um ambiente universitário seria o policiamento comunitário. “É um sistema pró-ativo e preventivo. É preciso pensar o problema existente, fazer seu diagnóstico e agir para antecipá-lo, com a participação da sociedade”, explica.
Segundo a pesquisadora, “não deve existir plano de segurança que vem de cima para baixo, pois nesse caso não haverá adesão”. Da mesma forma diz o prefeito do campus, pedindo a participação de toda a universidade para reverter a falta de segurança: “os alunos não devem ser unicamente clientes, mas também partícipes do sistema de segurança. Toda informação vinda dos alunos é importante e pode ser usada para trazer melhorias”.