“Desceram de um Crossfox preto três assaltantes, dois armados com revólveres. O motorista continuou no carro. Levaram as mochilas, carteiras e celulares de todos, em uma ação rápida, de cerca de um minuto”. Relatos de furtos e assaltos como este, registrado no Mapa Colaborativo de Segurança da USP feito pelo Jornal do Campus, fazem parte da rotina de quem frequenta a universidade. Buscando alternativas para solucionar esse problema, a Superintendência de Segurança estuda instalar um sistema moderno de monitoramento por câmeras na Cidade Universitária e também no campus da USP Leste, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH).
“Nós temos uma central de monitoramento hoje que é bem arcaica. Ela foi construída em 2005, inicialmente com 80 câmeras analógicas, dispostas em algumas áreas mais críticas do campus, e com o tempo esses equipamentos foram se deteriorando”, afirma Márcio Henrique da Silva, diretor da Divisão de Operações e Vigilância da Superintendência. Assim, apenas 9 dessas câmeras funcionam atualmente, e de maneira precária: segundo Silva, além de as imagens obtidas serem ruins, o sinal eventualmente é perdido, por ser transmitido via rádio.
O novo projeto de monitoramento inteligente é realizado através de um grupo de trabalho, formado em parceria entre a Prefeitura do Campus, o Departamento de Tecnologia da Informação (DTI) e a Superintendência de Segurança. Enquanto a primeira é responsável pela parte administrativa e financeira do projeto, o DTI auxilia na parte de infraestrutura, de comando de rede e tecnologias que serão utilizadas. Já a Superintendência “fica encarregada de identificar quais os principais pontos que precisam de câmeras, quais as formas de se monitorar isso e qual deve ser a especificação de uma central de monitoramento”, conforme explica Silva.
Como parte do programa está prevista a instalação das chamadas câmeras IP, que podem ser acessadas e controladas através de qualquer rede IP (LAN, intranet ou internet), o que torna o monitoramento muito mais ágil. “O nosso intuito é facilitar o trabalho da guarda universitária no campus. Elas não substituem o guarda, simplesmente são uma ferramenta muito importante de apoio”, diz o diretor, que complementa: “recebemos a informação posterior ao crime de várias áreas críticas. Nossa intenção é trabalhar proativamente, antes que esses crimes ocorram, tendo uma operacionalidade com a guarda em cima daqueles pontos”. Assim, será feito também um treinamento dos operadores de monitoramento, que visará a integração com o trabalho dos guardas em campo.
Atualmente o projeto encontra-se em fase de análise, porém já poderia ter sido implementado há algum tempo: a iniciativa surgiu e foi aprovada na antiga gestão do reitor João Grandino Rodas, mas declinou a partir do momento em que ele deixou o cargo. “A proposta era outra, com registro de preços que hoje não cabem mais para a USP”, afirma Silva. O grupo de trabalho teve de ser, então, reiniciado. “Hoje estamos em uma fase de formatação, mas acredito que até o final do mês de novembro a Prefeitura deve fazer o primeiro esboço, junto com a consultoria jurídica, de análise do edital, e no começo do ano que vem abriremos para compra [dos equipamentos]”, conta o diretor.
Silva garante que, apesar de ainda estar na fase de esboço, já é sabido que a proposta contemplará todas as portarias de pedestres, como as entradas da Vila Indiana e do mercadinho, que apresentam forte incidência de furtos e assaltos. Além disso, serão contempladas todas as portarias de veículos e também as praças, que ganharão câmeras móveis para um melhor acompanhamento dos problemas de trânsito.
por ANA CARLA BERMÚDEZ