Três grandes competições universitárias preenchem o calendário das agremiações
Começo de ano para as atléticas é sinal de muito trabalho e preparação para o ano esportivo que se inicia. Os campeonatos somente de calouros, tão badalados nos meses de março e abril, são apenas o começo de uma renovação dos times. O Bichusp, principal campeonato de “bixos”, é realizado pela Liga Atlética Acadêmica da Universidade de São Paulo (LAAUSP) e conta com a participação de quase todas as faculdades da USP. Como campeonato, ele é essencial para que as atléticas consigam conquistar novos atletas para seus times, que disputarão alguns outros campeonatos durante o ano.
Para algumas faculdades, que têm mais facilidade de encontrar atletas e pessoas interessadas pelo esporte, o Bichusp é um modo de selecionar aqueles mais disciplinados e que continuarão treinando. É o que acontece na Escola Politécnica, como explica Matheus Giori, Diretor Geral de Esportes da atlética. “Como na Poli temos muitos calouros interessados em praticar esportes, conseguimos chamar os mais comprometidos e mais técnicos em cada modalidade para fazer parte da equipe principal.”
Já na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), por exemplo, menos da metade dos novatos que jogam no Bichusp permanecem treinando, de acordo com a Luisa Zucchi, diretora de comunicação da atlética. “Temos nos esforçado, cada vez mais, pra fazer com que eles se sintam mais a vontade para permanecerem nos times. Isso inclui aproximação dos DMs (Diretores de Modalidade) com a atlética e também divulgação maior do Bichusp, com fotos e templates no facebook.”, afima Luisa.Todo esse esforço em fazer com que os novos atletas permaneçam nos times possui um único motivo. Ou, pra ser mais exato, alguns motivos: os outros campeonatos que são disputados ao longo do ano.
Economíadas, JUCA, InterUSP BIFE, JOPRI – os famosos inters, campeonatos entre faculdades que ocorrem em alguma cidade do interior – já são conhecidos da maioria. Mas aqueles alunos que não possuem muita relação com o esporte universitário, podem não conhecer os outros campeonatos que são disputados ao longo do ano pelas atléticas da USP. Dentre esses, os que possuem maior participação são NDU (Novo Desporto Universitário) e os campeonatos da LAAUSP, Copa USP e Jogos da Liga.
No caso da LAAUSP, os campeonatos são organizados pela gestão, que é formada por pessoas de diversas atléticas da USP. Eles realizam reuniões semanais, com a presença de representantes das atléticas. Como exemplifica Andréa Allegrini, secretária geral da Atlética XI de Agosto (Direito), todo campeonato é uma via de mão dupla, onde os organizadores fazem a parte deles, e as atléticas colaboram com a organização. “É comum que haja um diálogo bem franco entre dirigentes, independente do lado ao qual pertençam, para tornar o campeonato viável. A LAAUSP, por exemplo, é um modelo que funciona e demonstra o quão vital é existir uma boa relação entre Atléticas e organização dos campeonatos.”
Quanto aos aspectos organizacionais, ainda existem algumas reclamações. Mas as atléticas concordam que a LAAUSP está cada vez mais buscando um aprimoramento e que o esforço por parte da organização é crescente. O atual Presidente da LAAUSP, João Francisco Vargas Meirelles, explica: “A LAAUSP não é um entidade profissional,
à altura do desafio de construir um campeonato para 25 atléticas. Ao longo do tempo isso vai melhorando. Esperamos que esse ano aconteçam menos problemas.” Por outro lado, ele acredita que esses problemas não sejam motivo para desistências do campeonato. “Poucos times pensam nisso no momento das inscrições. O fato de jogar um campeonato interno é algo que satisfaz muita gente.”
Não é o que acontece no NDU, que tem exemplos de desistência de times por falta de organização. “É o caso do handebol feminino da FAU, que esse ano optou por não participar do campeonato, porque ano passado ficamos muito decepcionadas com a falta de organização e respeito por parte da organização.”, relata Luisa Zocchi, que também é atleta do time.
Ao contrário dos campeonatos da LAAUSP, o NDU conta com a presença de outras atléticas de fora da USP, o que é uma preparação a mais para aquelas que participam de Inters com outras faculdades. “O nível esportivo é muito bom, já que participam diversas atléticas da capital e algumas do interior. Porém a organização e arbitragem deixam a desejar, há muitas falhas sendo algumas delas graves – que deixam o campeonato com a credibilidade baixa.”, afirma Alexandre Iponema Gallucci, vice presidente esportivo da Associação Atlética Acadêmica Rui Barbosa, da EEFE.
Como o NDU possui uma estrutura semelhante à LAAUSP, essas falhas ocorrem pela complexidade do campeonato, e da necessidade de se conciliar jogos para o grande número de atléticas participantes. Isso porque, ao todo, são 62 atléticas, divididas entre as modalidades.
“Talvez seja uma tendência nova e legal pensarmos mais triangulares ou competições com menos complexidade de organização pra uma maior integração entre as Atléticas”, aponta como uma alternativa a secretária geral da Atlética XI de Agosto, Andréa Allegrini.
Posicionamento do NDU
Dentre as falhas apontadas por Galucci, estão jogos sem representantes, erros de arbitragem e de contagem de tempo. “A EEFE testemunhou casos de jogos em que o tempo de repente pula alguns segundos para frente.” Procurada, a presidência da NDU não apresentou nenhum posicionamento sobre o assunto, até o fechamento dessa edição.
por AMANDA MANARA