Com recurso reduzido, projeto de extensão depende crowdfunding
A Jornada Universitária da Saúde recebeu menos de 20% do recurso do projeto pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão. A próxima parada do grupo é a cidade de Alto Alegre, 491km distante de São Paulo, durante a semana da Pátria em setembro, mas com o corte orçamentário, a viabilidade do projeto está comprometida. Alunos tentam alternativas como croundfunding, rifas e métodos alternativos.
Os 90 alunos dos cursos de Enfermagem, Nutrição, Medicina, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Saúde Pública e Fonoaudiologia saem de São Paulo para promover ações de promoção e educação em saúde em ciclos que duram três anos em cada cidade. O projeto existe há 10 anos e sempre contou como repasse da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão para custear gastos como transporte e produção de material que é usado durante as jornadas. “Como o valor que a gente recebeu não é suficiente para o que precisamos, tivemos a ideia do croundfunding”, afirma Georgia Borges, aluna do 4o ano de Nutrição e coordenadora do projeto. Ela afirma que o grupo está levantando a bandeira contando com os apoiadores do projeto e a população em geral.
Como a Jornada envolve alunos de diversas unidades, a vivência é rica, também, por ser interdisciplinar, proporcionando uma oportunidade que não ocorre durante a graduação. “Os jornadeiros desenvolvem habilidades não só cognitivas, que nós, professores, queremos, mas também habilidades de atitude, de relacionamento, de resolução de conflitos”, declara Helena Watanabe, orientadora do projeto. A professora salienta que a promoção de atividades de saúde deve ser um ponto em comum a todas as profissões da área e que os alunos são responsáveis por toda a programação da jornada. Há um processo para participar do projeto, seja na coordenação, seja como jornadeiro, pessoa que vai até a cidade ou como colaborador. Neste ano, apesar de 200 alunos terem se interessado em participar, apenas 130 estarão envolvidos no projeto este ano.
Segundo Suellen Cruz, aluna do 2o. ano da Saúde Pública, para a escolha da cidade são feitos levantamentos como análise de IDH e percepção se existe o projeto Estratégia de Saúde da Família do SUS para a escolha da cidade que receberá a jornada. Depois disso, as secretarias de saúde são contatadas e recebem a lista de contrapartidas, como alimentação, segurança, transporte interno e alojamento. Ao longo de sua existência, Palmares Paulista, Barra do Chapéu e Jambeiro já receberam atividades promovidas pela JUS.
Cada cidade passa por um ciclo com três etapas, uma por ano. No primeiro momento, o grupo levanta as demandas da cidade, além de fazer o primeiro contato com a população. No segundo, começam as intervenções que foram estudadas e preparadas de acordo com as demandas. Já o último encontro serve para analisar qual o impacto do projeto na comunidade através de feedback, além de gerar multiplicadores. “A JUS gera uma desconstrução do lugar e, em seguida, o reconstrói. Esperamos que haja multiplicação das mudanças que propomos”, defende Bruna Lima, aluna do 2o ano do curso de enfermagem e membro da coordenação do projeto.
Quem participa da jornada entende-a como algo transformador. “É difícil colocar a experiência em palavras. Por ter o contato com pessoas de outros cursos, a gente aprende a trabalhar em equipe, além de criar um vínculo especial com a população local”, conta Amanda Silva, aluna do 4o ano da Nutrição que participa da jornada desde que entrou na USP e também faz parte da coordenação do projeto.
Embora exista o impasse financeiro, a coordenação não trabalha com a possibilidade de que o primeiro ciclo da JUS em Alto Alegre não ocorra. Os alunos já passaram pelo processo de seleção, os membros da coordenação já realizaram as primeiras visitas à cidade, que já espera pela chegada do grupo em setembro. “Tudo que tiver ao nosso alcance, a gente vai fazer para que o projeto aconteça”, afirma Suellen. Além do crowdfunding, a coordenação está tentando levantar os recursos através da venda de rifas e trufas. Está previsto também um mutirão nos semáforos para arrecadar dinheiro.
A assessoria da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão afirma que “o valor destinado a cada projeto pode variar anualmente em função da disponibilidade orçamentária”. A PRCEU argumenta ainda que os repasses têm sofrido variação, mas “nada impede que reduções sejam revertidas em anos seguintes.”