Poli também sabe cantar, dançar e atuar

 

A turma da ACCAPOLLI de 2018 antes da aula.

Por Etienne Faivre

Você pensava que Escola Politécnica da Universidade de São Paulo era somente um lugar para aprender a quebrar átomos? Pensou errado. Nela existe um grupo de teatro atuante desde 1945 e os últimos cinco anos trouxeram duas novas iniciativas culturais. Em uma sala compartilhada no prédio do Biênio da Poli, os amadores propõem atividades abertas a todos os alunos da USP.

A mais recente iniciativa é de 2014, o Grupo de Canto Acappella da Escola Politécnica (Acappolli). Eles se reúnem para apresentações dentro da USP. Formado por André Murino, estudante da Poli com conhecimento musical, o Acappolli tem um repertório que vai de Bohemian Rhapsody, do Queen, até Cálice, de Chico Buarque.

Quase tudo é resultado do esforço dos membros. Não há uma definição rígida de cargos e cada um ajuda como pode, seja com a doação de caixas de som ou com a elaboração de arranjos de voz para as apresentações.

Os membros são de diversos cursos da USP, até mesmo intercambistas. Para muitos, essa é a primeira experiência musical. Jéssica Santiago é pós-graduanda do Instituto de Psicologia e faz parte do grupo há dois anos. “Sou totalmente amadora em música, mas me incorporei ao grupo e aprendi bastante com as pessoas que já tinham algum conhecimento.”

Arriscando compor

Às vezes, o aprendizado vai além da performance. Laís Figueiredo decidiu se aventurar na composição de arranjos, mesmo sem ter muita segurança. “Peguei os meus conhecimentos em música e fui tentando montar e separar as vozes, e acabei conseguindo”. A presença de um maior número de membros capazes de compor é especialmente importante neste momento, pois o grupo precisa aumentar o repertório se quiser atingir seu grande objetivo: uma apresentação de final de ano.

Os membros do Acappolli foram auxiliados por workshops ministrados por Francisco José da Silva Campos Neto e Marco Antonio da Silva Ramos, professores de canto da Escola de Comunicações e Artes (ECA). E a banda à capela “Ordinarius”, do Rio de Janeiro, deu uma aula prática ao grupo e ainda lhes presenteou com um novo arranjo.

Por ser o grupo de atividades mais recente formado na Escola Politécnica, o Acappolli precisou acomodar seus ensaios na restrita janela de tempo e espaço disponível na Sala do Biênio. Para driblar essa limitação, a equipe de canto à capela procura negociar acessos a outros locais.

Os dançarinos da Poli-Dance dançam forró

Danças

A dança se tornou parte do cotidiano da faculdade em 2012, dois anos antes do surgimento do grupo de canto. O nome pode enganar à primeira vista: chama-se Poli Dance. Apesar de não promover  aulas de pole dance, ele contempla quatro outros estilos: forró, sertanejo, hip hop e zouk (este, originário das Antilhas).

São duas turmas para cada estilo, uma destinada a iniciantes. “As turmas incluem muita gente nova, e isso é bem legal para que a pessoa perca a timidez”, observa Viviane Grion Mielli, estudante de Engenharia de Produção que chegou ao grupo em 2014.

As quatro aulas reúnem cerca de 70 pessoas, entre estudantes, professores e funcionários da universidade. Viviane e um professor de educação física, Vitor Trivilin, ambos formados em dança, são os responsáveis pelas aulas. O grupo também costuma fazer um baile por mês para os alunos de dança de salão.

O apoio do Grêmio Estudantil é essencial para todos os grupos. A entidade é responsável por mediar as relações com a diretoria e ajuda financeiramente os projetos, permitindo que, por exemplo, o Grupo de Teatro da Poli contrate atores profissionais para orientar seus alunos.

 

Grupo de Teatro da Poli atua desde 1945

O projeto foi pioneiro no teatro universitário brasileiro

Os atores do Grupo de teatro da poli acabando o aquecimento

O Grupo de Teatro da Poli (GTP) é a iniciativa cultural a mais velha da Poli. A ideia surgiu em 1945, o que faz dele um dos grupos de teatro estudantil mais antigos do Brasil. Eles começaram atuando nos corredores e nas salas vagas da antiga sede da Escola Politécnica, localizada no bairro da Luz, no centro de São Paulo. A mudança para o campus Cidade Universitária, em 1968, permitiu que tivessem acesso a um espaço fixo.

O GTP mantém três turmas de níveis diferentes para acolher quem tem vontade de atuar. Para os alunos dos níveis intermediário e avançado, o ano se divide em duas partes: no primeiro semestre, aulas teóricas; no segundo, ensaios de uma peça escolhida pelo grupo, a ser representada.

O núcleo iniciante mostra duas peças ao público por ano. Também há excursões, como em 2012, quando participaram de um festival de teatro na Paraíba.

Para Marcello Vasconcellos, estudante da Poli que faz parte do projeto há 3 anos, o teatro funciona como uma fuga de aulas pesadas. “Não tem caráter profissionalizante, tem caráter humanizador”, explica.