Olhares de integração

A edição nº 502 do JC apresenta boa variedade de matérias, que cobrem temas atuais da universidade em diferentes áreas. Censura, TV USP, Vladimir Herzog, assaltos, ciências moleculares, ética em pesquisa, direitos para humanos e animais. Continuo a achar que a editoria de Cultura deveria ter mais espaço. Com o peso de sua capacidade de destruição, os cortes na educação ocupam justificadamente a principal chamada da capa e a página dupla central. Há depoimentos de cinco bolsistas; no entanto, quatro são de humanidades e um de educação física. Faltaram representantes de ciências biológicas e da saúde, de ciências ambientais e de ciências exatas. A seção Entrevista, relacionada à diminuição de bolsas e de fomento, poderia ter aproveitado muito mais a experiência do Prof. Hernan Chaimovich, ex-presidente do CNPq.

Dulcilia Buitoni. Crédito: Arquivo Pessoal

A diagramação é bastante problemática; heterogênea, não mantém um padrão identificável e não facilita o trabalho do leitor. Os títulos usam fontes, cores e tamanhos diferentes, linhas finas maiores ou menores que a chamada principal. Uma boa surpresa foram os quadrinhos da p. 3, que constroem uma boa narrativa sobre animais “deixados” na Faculdade de Veterinária. Talvez o título deveria estar em outro lugar, pois a transição da p. 2 para a 3 acontece abruptamente; a princípio não se entende bem a presença dos quadrinhos logo no começo do jornal. Destaco a qualidade da ilustração na página final.

Repito a observação sobre o tamanho, geralmente excessivo, dos títulos e das respectivas linhas finas que, por vezes, não trazem informação que realmente estimule a leitura do corpo do texto. Também volto a acentuar a necessidade de fotos mais “jornalísticas”. Nessa edição, a única foto que traz um acréscimo de informação é a que mostra as caixas da TV USP amontoadas num depósito impróprio. Algumas fotos estão muito pequenas, outras carecem de legendas. Pensava em tratar um pouco mais do conteúdo e da apuração, mas meu espaço está acabando. Desejo mesmo é conversar pessoalmente com essa redação que mostra muita garra.

Dulcilia Buitoni, jornalista, pesquisadora e ex-professora da ECA