Conselho Universitáio (CO) delibera que serão organizados seminários para ampliar a discussão
O Conselho Universitário aprovou em reunião que serão formadas comissões ara a discussão do tema sobre as cotas na Universidade, com esforços onjuntos da reitoria e das instituições. Para Adrian Fuentes, do Diretório Central dos Estudantes, a atitude de não propor votação simples pela adoção as cotas foi estratégica. “Com certeza seria derrotada. É preciso amadurecer o debate primeiro”.
Luiz Carlos dos Santos, fundador e ex-coordenador do Núcleo de Consciência Negra, comemorou o fato, apontando que houve um sensível avanço no espaço concedido para o debate da pauta. Já para Adrian, a medida, apesar de boa, é insuficiente, pois não há obrigação dos institutos em discutirem a questão. Havia expectativa por parte da grande mídia a respeito de uma deliberação simples a respeito das cotas (sim ou não) e, desde o início da tarde, cerca de 50 manifestantes, entre alunos e membros de movimentos sociais se reuniram no lado de fora da reitoria para pressionar o Conselho, com tambores, faixas e megafones.
A USP é acusada pelos movimentos favoráveis a adoção das cotas de ter “parado no tempo” nas questões de acesso à Universidade. Para o Frei David Raimundo dos Santos, diretor executivo da Educafro, o Conselho é “extremamente elitizado e não tem a humildade de olhar para as experiências positivas que ocorrem com políticas de inclusão social nas demais universidades brasileiras”.
Estudos da UERJ e da Unicamp revelaram que alunos que entraram na universidade por meio de ações afirmativas têm desempenho superior aos dos ingressantes pelos meios tradicionais em mais da metade das carreiras. De acordo com esses estudos, as dificuldades dos ingressos por cotas apareciam mais nas carreiras que envolviam as ciências exatas, por requererem maior base trazida do ensino médio. A respeito da evasão, os movimentos pró-cotas também reivindicam uma bolsa permanência, para garantir condições da população negra e pobre se manter na universidade.
As partes contrárias a adoção das cotas na USP, por sua vez, alegam que o Inclusp, programa que concede bônus nas notas do vestibular de alunos vindos do ensino público, já cumpre seu papel. Para Sunao Sato, membro
do Conselho Universitário e professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, as cotas são uma forma trivial de se resolver o problema. “É preciso atacar os problemas básicos de educação e moradia, por exemplo”. E completa. “Eu não nasci em berço de ouro. Também lutei para entrar na USP”. Apesar da posição contrária, Sunao elogiou os argumentos dos que defenderam a questão na reunião e afirmou que a promoção do debate é saudável.
No dia 26 de abril passado, o STF considerou, por unanimidade, que as cotas raciais nas universidades são um direito constitucional. Para Luiz Carlos dos Santos, a medida compensatória é emergencial e faz parte de um processo que diminuirá a desigualdade entre brancos e negros no Brasil, podendo ser extinta quando seus objetivos forem atingidos.
De acordo com matéria da BBC, a reserva de vagas para uma determinada etnia nos EUA é ilegal, podendo ser concedidas, em alguns estados, bonificações nos exames de ingresso à universidade. Na década de 70,
pessoas que entravam no ensino superior por ações afirmativas acabavam sendo excluídas do mercado de trabalho, sob a alegação que feriam a meritocracia. Desde 2006, estados como a Califórnia e Michigan proibiram
qualquer tipo de bonificação por questões étnicas, o que refletiu em vertiginosas quedas de negros e hispânicos nas universidades de ponta
desses estados.