Na quarta reunião de negociação entre a reitoria e grevistas, ocorrida no dia 31 de outubro, a administração da Universidade propôs a reelaboração do estatuto da USP. O documento está em vigência desde 1988, mas contém itens que datam de 1972, época da ditadura.
Com a negociação indicando um caminho de conciliação entre os estudantes e a Universidade, o Comando Geral de Greve dos Estudantes aprovou, na segunda-feira (4/11), indicativo de saída de greve e fim da ocupação. A decisão definitiva deverá ser tomada na assembleia geral, dia 6/11.
“A movimentação construída é histórica. Com a pauta ofensiva das diretas, conseguimos superar o trauma de um movimento estudantil que há anos não vence”, disse Thiago Mahrenholz, representante do DCE. De acordo com a assessoria de imprensa da USP, a proposta se apresenta como princípio condicionante para a desocupação imediata do prédio da reitoria. O acordo estabelece a reformulação do estatuto, que inclui a convocação de uma estatuinte autônoma e democrática por um congresso organizado por estudantes, funcionários e professores. Além disso, a estatuinte também debaterá a possibilidade de eleições diretas para reitor e diretores de unidade.
Além da estatuinte, a reitoria propôs a criação de mais 500 vagas no Crusp em 2014, com a devolução dos prédios “K” e “L” para moradia e dos espaços de vivência do DCE e da Associação dos Pós-Graduandos da USP (APG). Há também a proposta do reajuste anual das bolsas estudantis, da garantia das três refeições diárias em todos os restaurantes universitários e da convocação de uma comissão, com participação estudantil, para garantir o retorno dos circulares gratuitos e o aumento da frota dos circulares 8012 e 8022, além de volta de linhas extintas (177P-10, 107T-10 e 7725). Por fim, a reitoria também propôs a abertura de um processo democrático de discussão do modelo de segurança na Universidade, para contemplar todas as particularidades do tema.
“A maior vitória que conquistamos nesse processo foi a política. Depois de uma forte greve e mobilização, o movimento estudantil se reergue fortalecido e a reitoria é obrigada a negociar e ceder em pontos importantes”, pontua Marcela Carbone do DCE. “Agora quem está pautando a dinâmica da USP é o movimento, e quem tem que responder é a reitoria”