Registro não é garantia para formados

Desregulamentação no Ministério do Trabalho afeta profissões de nível superior; novas graduações oferecidas pela EACH, como Obstetrícia e Gerontologia, estão entre elas

Ter o reconhecimento da profissão no mercado de trabalho não é uma garantia para os estudantes de cursos de nível superior. Pelo contrário, obter esse reconhecimento pode ser um desafio para aqueles que optam por novas formações profissionais, como é o caso da maioria dos graduandos da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades)/USP Leste.

Uma das alternativas para delimitar espaço no mercado é a regulamentação da profissão junto ao Ministério do Trabalho. As ocupações que possuem esse registro têm suas ofertas e preços estabelecidos por instituições extra-mercado, como as universidades e corporações profissionais que conferem as credenciais educacionais, registram e validam os títulos necessários ao exercício.

Entre os profissionais que ainda não são possuem o registro estão os gerontólogos e os obstetrizes. Segundo a professora Ângela Maria de Lima, coordenadora do curso de Gerontologia da EACH, a discussão sobre o registro da profissão está em andamento e tende a aumentar com o interesse de outras universidades, nos estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais, em oferecer essa graduação.

Para Laila Matar, estudante de Gerontologia da USP Leste, difundir o perfil do curso e do profissional é a melhor maneira de superar a falta de reconhecimento da atividade. “Se o empregador souber realmente qual é o trabalho do gerontólogo, não acredito que haverá problemas para nossa inserção no mercado”, afirma.

Os obstetrizes também não têm o registro no Ministério do Trabalho. Eles tentam a regulamentação da profissão por meio da filiação ao COFEN – Conselho Federal de Enfermagem. A graduação em Obstetrícia foi criada para suprir a demanda do mercado por profissionais que valorizem o parto normal e humanizem a assistência obstétrica.

Esse modelo, segundo Lucia Cristina da Silva, vice-coordenadora do curso na EACH, existe há anos no Chile e em alguns países da Europa, com um excelente reconhecimento do obstetriz pela população e por outros profissionais de saúde.

Apesar de não terem os registros de suas ocupações, as graduações em Gerontologia e em Obstetrícia da USP Leste são reconhecidas pelo Conselho Estadual de Educação, órgão regulamentador das universidades públicas estaduais. Os registros das profissões dependem de projetos que destaquem a necessidade dessa formação técnico-científica para o exercício seguro da profissão.

Como estão os profissionais?

Obstetrícia: Além do obstetriz, atuam na área médicos (em partos cirúrgicos) e enfermeiros obstétricos (no pré-natal e em partos normais). Até 1971, o curso era vinculado à Faculdade de Medicina da USP. Desde então, continua como pós-graduação de Enfermagem, paralelamente ao curso da EACH.

Gerontologia: O curso de Gerontologia da EACH forma profissionais que atuam na promoção do envelhecimento saudável. A primeira turma do curso se formará no final desse ano, mas já há alunos estagiando, em ONGs e no setor público, alguns com remuneração em torno de R$ 500,00 por 20h semanais.