Programas de governo dos candidatos defendem a ampliação da rede de saúde e manutenção de hospitais que já existem
Propostas
Anaí Caproni (PCO)
Propõe estatizar a saúde além de anular a liberação de verbas públicas e subsídios para os particulares do setor transferi-los para a saúde pública.
Ciro Moura (PTC)
Pretende deixar que a população escolha o hospital em que deseja ser atendido e depois a prefeitura pagaria por esta consulta. O cidadão teria o cartão de saúde, com o qual poderia agendar sua consulta em qualquer hospital.
Edmilson Costa (PCB)
Criará Conselhos Populares de Saúde com participação da sociedade. Irá instituir o Programa Médico da Família em São Paulo, ampliará o número de postos de saúde e investirá na formação profissionalizante.
Geraldo Alckmin (PSDB)
Pretende construir os hospitais de Parelheiros, Brasilândia e São Mateus, e criar Centros de Especialidades e Laboratórios de Análises Clínicas. O candidato também prevê um programa para atendimento de moradores de rua e menores dependentes químicos, além de recuperar o Hospital do Servidor Público.
Gilberto Kassab (DEM)
O candidato pretende continuar aplicando 20% do orçamento na área de saúde, além de aumentar a rede de Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e o número de hospitais nos lugares em que faltam leitos.
Ivan Valente (PSOL)
Afirma que é inaceitável “terceirizar” a área de saúde e que o importante é fazer o SUS funcionar. Salienta que o Estado voltará a contratar, formar e dar direção para o sistema de saúde.
Levy Fidelix (PRTB)
Pretende aumentar os recursos no setor da saúde pública.
Marta Suplicy (PT)
Propõe a implantação de uma rede de Policlínicas, reformando ambulatórios e construindo outras sete unidades. Pretende construir os hospitais da Brasilândia, do Jaçanã e de Parelheiros, reestruturar os Centros de Atenção Psicossocial, além de recriar os conselhos gestores de saúde com participação popular.
Paulo Maluf (PP)
Pretende instaurar o novo PAS (Plano de Atendimento à Saúde), que funcionará com um cartão que dá ao paciente direito a usar o hospital de sua preferência e prevê a manutenção das AMAs.
Renato Reichmann (PMN)
Investirá em Unidades Básicas de Saúde (UBS) nos bairros para desafogar hospitais do centro. Além disso, irá equipar unidades móveis com especialistas para realizarem exames básicos em escolas.
Soninha Francine (PPS)
A candidata ressalta que, para sanar a dívida pública na área da saúde e atender a toda a lista de espera, a prefeitura não hesitará em pedir um suporte às empresas particulares.
Análise
Quando o assunto é saúde, a maioria dos candidatos à prefeitura de São Paulo não parece discordar. Marta , Kassab e Alckmin “têm propostas muito semelhantes”, afirma Oswaldo Yoshimi Tanaka, diretor do Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP. O aperfeiçoamento das UBSs e das AMAs, defendido pelos três é, para Tanaka, uma medida importante, pois o atendimento na rede básica é menos custoso e permite desafogar os hospitais maiores.
Para o especialista, é preciso organizar a rede de saúde para que haja uma referência hospitalar próxima; a criação de hospitais onde o serviço médico é precário consta nas propostas de Marta, Alckmin e Kassab.
Em relação à proposta de Ciro Moura, Tanaka acredita que deixar livre a escolha do hospital pode tornar o sistema mais injusto. Para o especialista, atendimentos simples em hospitais caros são inviáveis para a situação orçamentária da prefeitura.
“O município está no limite de seu financiamento”, logo, independente do resultado desta eleição, o diálogo entre a prefeitura e as esferas estadual e federal é fundamental para viabilizar a expansão da infra-estrutura médica na cidade. Tanaka lembra que a maior dificuldade do município é a manutenção do serviço de saúde e não a criação de hospitais.
Anaí Caproni defende a estatização da saúde que, segundo o especialista, é inviável, pois a lei de Responsabilidade Fiscal não permite gastar mais de 60% da verba com recursos humanos. “Saúde é o setor que mais contratou nos últimos 10 anos”, conta Tanaka, por isso, está em seu limite orçamentário. Já Ivan Valente defende que o Estado deve voltar a contratar profissionais para o SUS.
Uma forma de ampliar o setor sem sobrecarregar o Estado, são as parcerias público-privadas. Segundo Tanaka, São Paulo tem boas experiências com esse tipo de relação. Um exemplo são as OSS (Organizações Sociais de Saúde), hospitais estaduais administrados por entidades filantrópicas que conseguiram, com menos recursos, prestar mais serviços com mais qualidade.