Ser ombudsman do Jornal do Campus hoje é fascinante. A USP está no olho do furacão, parte do noticiário geral como há muito tempo eu não via. Pena que por um caminho duro e difícil, o do conflito e da briga. De qualquer forma, há notícia. Muita notícia. Prato cheio para um jornalista.
Mas eu mesmo não tenho como reconhecer isso, ao menos não nas páginas do JC. Ombudsman escreve “depois do depois”. Jornalistas escrevem “depois” dos acontecimentos. Ombudsman escreve “depois” do relato dos jornalistas. Não só me sinto “atrasado” em relação ao fato; me sinto “atrasado” em relação ao relato do fato. Como o JC é quinzenal, fica difícil. Leio sobre a entrada da polícia no campus muitos dias após um conflito mais grave.
Como sou o ombudsman do jornal-papel, nem me atrevo a falar do site (outro dia até me atrevi, mas foi rápido). O site deve estar rugindo de notícias sobre a greve, a polícia, a reitoria, os estudantes, os funcionários, os professores, as divisões e adversidades da maior universidade do país. O JC que eu leio trata de fatos já encerrados. Não é um jornal “analítico”, e aí o fosso fica maior ainda. Esse é o problema dos jornais, diga-se. Acossados pela web, parecem perder sua atualidade no momento mesmo em que são lidos.
Se eu me sinto assim, imaginem o leitor e a leitora. Jornais em papel deveriam avançar em direção à análise, informar-nos sobre o porquê de algo, já que o o quê, o quando, o onde e o como já são conhecidos pelos leitor. Mas como fazer isso no JC? Esse é um desafio que as próximas gerações de redatores e repórteres do jornal terão de superar.
Falando de algo bem feito: reportagem sobre o orçamento da universidade e seu questionamento pelos estudantes. Entendi o assunto, que de simples não tem nada.
Ao lado da reportagem, estampada à pág. 5, um problema: texto sobre acessibilidade difícil de ler, quase uma ironia, por causa do fundo escuro. Não deu pra ler.