Apesar da ampliação do espaço para acervo, financiamento de exposições permanece indefinido
Está prevista para março do ano que vem a entrega da nova sede do Museu de Arte Contemporânea da USP, no antigo prédio do Detran. A obra de adaptação do edifício de Oscar Niemeyer foi orçada em R$ 54 milhões pela Secretaria da Cultura. A transferência total, porém, deve demorar até dezembro de 2010.
O museu enfrenta problemas de espaço desde sua criação, mesmo ocupando hoje um anexo da reitoria e o terceiro andar do pavilhão da Bienal, no parque do Ibirapuera, além do prédio principal, instalado na Cidade Universitária. Os 20 mil m² da nova sede permitirão que o número de obras expostas triplique. Atualmente, as 10 mil peças do acervo do MAC disputam espaço com salas administrativas, biblioteca, laboratórios, auditório e salas de aula.
De cara nova
Segundo Lisbeth Rebollo Gonçalves, atual diretora do museu, o anexo será devolvido à reitoria e o pavilhão, desocupado, mas as atividades no MAC Cidade Universitária serão mantidas. “O prédio não será abandonado, apenas terá uma função mais acadêmica”, diz. Gonçalves prevê a criação de um conselho curador a fim de avaliar propostas de trabalho de docentes e discentes para ocupar e intensificar a interação com o museu. A frequência das exposições, porém, diminuirá.
A diretora crê que a mudança trará nova identidade ao museu, devido à melhor localização geográfica. “Muitos confundem o MAC com o MAM (Museu de Arte Moderna) e não vêem os diversos prédios do museu como uma instituição só”. A proximidade com outros museus do Parque do Ibirapuera seria outro fator considerado positivo, por fazer da região um complexo cultural.
Um museu público
Para Martin Grossmann, professor de Museologia da USP e ex-diretor do MAC, embora a nova sede seja geograficamente mais próxima do público, os meios de acesso ao local ainda são insuficientes. “Falta uma estação de metrô mais próxima do museu”, diz. “Ademais, é preciso que ele cumpra melhor sua função de museu público com atividades voltadas à população. Isso depende de uma política museológica diferenciada, que conte efetivamente com a participação da sociedade civil. O museu não é só da USP” completa.
Financiamento
A respeito do orçamento para sustentar o novo prédio, Gonçalves fala de um convênio da Secretaria da Cultura com a Fusp, a Fundação de Apoio à USP. Mesmo assim, a verba cobriria apenas custos de funcionamento, manutenção e segurança, o que não soluciona o problema do financiamento das exposições. “Nos nossos 47 anos de existência, a USP não deu um centavo para produção de mostras, cujos custos são de reais construções,” diz.
Atualmente, captam-se recursos através da Lei Rouanet, mas o apoio dos patrocinadores não é garantido. “O MAC está considerando constituir uma sociedade de patronos para nos ajudar nesse sentido. A questão orçamentária ainda é um território de conquistas,” conclui Gonçalves.