Muitos artefatos ficam guardados em caixas por falta de espaço para exposição; acervos não têm reconhecimento
Por mais de um século, a USP junta objetos que contam a história de suas áreas de conhecimento. Uma parte desse patrimônio está em museus com boa estrutura, mas muito está guardado em acervos que têm em comum a falta de apoio da universidade, infra-estrutura deficiente e pouca segurança. O JC foi atrás desses museus e acervos, difíceis de encontrar entre as salas de aula e laboratórios da Cidade Universitária.
Falta de espaço
Um labirinto de corredores leva a uma salinha de 50 m² no prédio da Faculdade de Educação (FE). De fora, nada leva a crer que o Museu da Educação e do Brinquedo (MEB) está ali. São 200 peças expostas: a mais antiga, um jogo do século XIX; a mais nova, uma boneca de palha feita em 2005. Porém, 1.500 objetos em caixas esperam sua vez de ir às prateleiras.
Fundado em 1999, o MEB é usado por estudantes e pesquisadores. “Recebemos uma média de 150 visitantes por mês”, diz Daniel Chiozzini, que cuida do museu com ajuda de quatro bolsistas. “Temos um acervo de alta qualidade. Por isso, precisamos de mais espaço e estrutura. A diretoria da FE é sensível ao problema e a solução deve vir com o término das obras de expansão da faculdade”.
Falta de espaço também é o problema da Matemateca, uma exposição do Instituto de Matemática e Estatística (IME) que geralmente fica guardada em caixas. Exibido esporadicamente desde 2004, o acervo tem jogos e objetos matemáticos que têm o objetivo de despertar interesse e rediscutir a ciência. Na última mostra, no início do mês, estavam expostos 40 kits – foi o que coube na sala que abrigou o evento.
“Poderíamos triplicar a quantidade de peças expostas e ter uma mostra permanente. Ideias não faltam”, dizem Deborah Raphael e Eduardo Colli, dois dos professores que criaram o projeto. “A diretoria do IME sabe disso, é ciente e solidária, mas por enquanto pouco pode fazer. Falta espaço para todos aqui e ainda não há um plano de expansão para a física para a faculdade”.
Farmácia desconhecida
Um hall de 50m² da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) guarda utensílios de laboratórios do início do século XX: máquina de calcular movida a manivela, espremedor de rolhas e potes para produtos químicos com detalhes em ouro. Na parede, diploma de 1909 felicita um novo farmacêutico. Sobre uma mesa, microscópios e destiladores. Um estandarte esfarrapado mostra o orgulho de quem estudou em 1899.
O acervo do Museu da Farmácia não tem funcionários nem exposição. Apesar de existir no estatuto da FCF, q pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária disse desconhecê-lo.
O Museu, que conta com 230 peças, nasceu em 1992 quando o diretor da unidade começou a juntar doações. Por falta de espaço, muitas ofertas são recusadas e algumas peças estão guardadas em depósito comum. “São objetos muito delicados e correm risco”, diz Marilene de Vuono, presidente da comissão de extensão universitária da unidade. Em outras épocas, ela já buscou apoio na PRCEU, mas sem sucesso.
Estrutura danificada
O principal problema do Museu de Anatomia Veterinária (MAV), é falta de manutenção. Muitos objetos estão sem identificação ou têm as placas já apagadas. No forro, buracos e sinais de infiltração colocam em risco algumas das duas mil peças do belo acervo: esqueletos, animais empalhados, órgãos e estruturas anatômicas de diversas espécies – incluindo o homem.
O MAV cobra ingressos e taxas pelas visitas monitoradas. Segundo a secretária Fátima Minari, o valor da entrada vai para um fundo de apoio, e a taxa, para o aluno monitor, já que o Museu não conta com suporte financeiro da USP. Em 2009, o Museu recebeu cerca de 4400 visitantes, principalmente de escolas e outras universidades.
Também existem acervos cujos organizadores não pedem ajuda à USP. Um exemplo é o “Museu de rochas, minerais e minérios”, criado pela doutoranda Carina Ulsen e mais cinco colegas no Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo (PMI) da Poli. Carina ficou surpresa quando o nome do museu apareceu numa placa do campus: ela prefere chamar de “mural de amostras” o acervo que ajudou a organizar.
Há menos de um ano, os voluntários começaram a ordenar, catalogar e expor uma coleção de minerais, fósseis e minérios que foram trazidos do mundo todo durante três décadas e estavam empilhados no departamento. Agora, estão criando uma exposição permanente, com 900 peças, aberta a quem visita o PMI – geralmente estudantes de engenharia. Não há monitoria.
Dos acervos visitados, somente o do MEB tem um esquema simples de segurança, com peças dentro de armários envidraçados e fechados.
Museu da Educação e do Brinquedo
Horário de funcionamento: segundas, quartas e sextas, de 13h30 às 17h30; terças e quintas, de 9h30 às 12h30
Entrada franca
Informações gerais: (11) 3091-2352
FE/USP, Av. da Universidade, 308 Cidade Universitária, São Paulo
Museu de Rochas, Minerais e Minérios
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, de 7h às 22h
Entrada franca
Informações gerais: (11) 3091-5322
Poli/USP, Av. Prof. Mello Moraes, 2.373 Cidade Universitária, São Paulo
Museu da Farmácia da FCF
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, de 8h às 17h
Entrada franca
Informações gerais: (11) 3091-3677
FCF/ USP, Av. Prof. Lineu Prestes, 580, blobo 13A Cidade Universitária, São Paulo
Matemateca
A exposição da Matemática acontece de uma a duas vezes por ano, com duração de uma semana (de segunda a sexta, de 7h às 22h)
Entrada franca
Informações gerais: (11) 3091-6170
IME/USP, R. do Matão, 1.010 Cidade Universitária, São Paulo
Museu de Anatomia Veterinária
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, de 8h às 12h e de 13h às 16h
Entrada: visitantes sem vínculos com a USP, R$ 3; visitas monitoradas de grupos, R$ 30.
Informações gerais: (11) 3091-1309
FMVZ/ USP, Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Piva, 87 Cidade Universitária, São Paulo