Carta: problemas no acesso ao campus

por Tiago Almeida

Tem sido normal a dificuldade de acesso a carros e pedestres (nunca a ônibus coletivos) imposta pela guarda universitária e agentes de segurança terceirizados na entrada principal da Cidade Universitária nas sextas-feiras. Quem teve que passar pelo bloqueio após as 20h desses dias se depara com os mais diversos critérios para serem impedidos de ter acesso ao campus. De acordo com o ofício circular COCESP/03/28072009, após a meia-noite os guardas são responsáveis por solicitarem a carteirinha USP de quem requisita a entrada e anotarem seu número. No entanto, há dias em que os critérios são absolutamente arbitrários. Na sexta-feira dia 17, quando em um carro acompanhando amigos, me foi solicitada a apresentação de meu RG sob a argumentação de que era necessário verificar se meu cartão USP era falso. Já na noite do dia seguinte, mesmo após a meia-noite, quando os agentes normalmente registram o número USP e o destino de quem entra no campus, entrei de táxi e não fizeram questão alguma de verificar se o rosto em meu cartão coincidia com o de alguém que estava no carro.

O que acontece é que nas sextas-feiras as festas são mais frequentes e, portanto, espera-se que o número de pessoas que não pertençam à comunidade e que desejam acessar o espaço da universidade seja maior. Já nos sábados pela manhã, onde os atletas – muitos deles externos à comunidade – se concentram em uma ode a seus corpos, a entrada é liberada.

Então pergunto: quem escolhe qual moral a universidade deve privilegiar? Por que dopar o corpo com endorfina é mais nobre e aceitável do que socializar nas festas dos centros acadêmicos? Quem garante que preconceito contra quem gosta de se divertir bebendo seja o único a ditar as normas de entrada no campus? Será que os que usam dreadlocks, barbudos ou negros também não sofrem com esse preconceito?

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