Jornal do Campus: Senhor Aloizio Mercadante, quais são as suas propostas para o ensino superior?
Aloizio Mercadante: Ampliar a oferta de educação superior mantendo o padrão de qualidade; melhorar a assistência estudantil; garantir reserva de vagas para alunos oriundos das escolas públicas, negros e indígenas; fortalecer a avaliação e estabelecer padrões de qualidade no ensino superior; ampliar número de bolsas de pós-graduação; estimular a extensão universitária; rever a relação estabelecida com as fundações de apoio às universidades para garantir transparência e controle social; criar a Universidade Tecnológica de São Paulo (Unitec); criar a Universidade do Professor.
JC: Pretende direcionar mais verba ou melhorar a distribuição das verbas para as universidades públicas?
Aloizio Mercadante: Nosso governo vai fortalecer o ensino superior, temos um compromisso histórico com a universidade pública e gratuita. Vamos investir na democratização do acesso e apostar no papel do ensino superior na produção de ciência e tecnologia, ajudando São Paulo a dar o salto para o futuro e para a sociedade do conhecimento.
JC: Pretende manter o ensino público e gratuito na USP?
Aloizio Mercadante: Sim. Meu compromisso é manter e ampliar o ensino público, gratuito e de qualidade na USP e no restante do estado de São Paulo.
JC: Como você vê o processo de escolha do reitor da USP pelo governador?
Aloizio Mercadante: Penso que cabe ao governador respeitar a autonomia universitária e indicar o primeiro colocado na lista tríplice. A autonomia universitária é um princípio fundamental, que deve ser preservado. Autonomia é diferente de soberania ou independência, pois as universidades públicas têm compromisso com a população que paga impostos e financia seu funcionamento.
JC: Conhece o trabalho do João Grandino Rodas, o atual reitor? Qual é sua relação política com ele? Como pretende dialogar com ele?
Aloizio Mercadante: Conheço o trabalho do excelentíssimo Reitor João Grandino Rodas, que tem uma trajetória acadêmica bastante respeitável. Pretendo abrir todos os canais de diálogo possíveis para ter com este representante da universidade uma relação amistosa e que contribua para a manutenção e ampliação da qualidade da USP.
JC: Você acha que a relação dos governos com as reitorias foi satisfatória nas gestões anteriores? Caso não tenham sido, como pretende mudar isso?
Aloizio Mercadante: Acredito que os governos do PSDB, nos últimos anos, poderiam ter procurado dialogar mais com a comunidade universitária. O episódio dos Decretos de 2007 exemplifica uma situação em que o governo estadual tomou atitudes autoritárias e precipitadas, provocando uma ampla mobilização nas universidades. Para mudar essa situação, pretendo ampliar os canais de diálogo tanto com a reitoria, como com o restante da comunidade universitária.
JC: Qual é a sua opinião sobre a entrada da PM no campus, tanto para conter as manifestações grevistas como para melhorar a segurança na cidade universitária?
Aloizio Mercadante: Sou totalmente contrário à entrada da PM no Campus para reprimir manifestações. O episódio de 2009, em que a força policial agiu de maneira truculenta, sob ordens do governo, contra os estudantes, coisa que não acontecia desde a ditadura militar, foi exemplar da maneira autoritária com que o governo tucano lida com críticas e reivindicações. Acredito que, para melhorar a segurança na cidade universitária, é necessário investir na Guarda Universitária e no policiamento das áreas vizinhas.
JC: Qual é a sua opinião sobre cotas raciais ou para alunos de escolas públicas?
Aloizio Mercadante: Sou favorável às cotas sociais e raciais. Pretendo implementar o sistema de cotas nas instituições que ainda não o têm, de modo que a educação pública no Estado de São Paulo torne-se verdadeiramente inclusiva.
JC: Qual a sua opinião sobre o Ficha Limpa? Já se cadastrou no projeto? Se não, por quê?
Aloizio Mercadante: Sou favorável ao Ficha Limpa e defendi no Senado uma emenda constitucional para dar liberdade à divulgação de informações na internet sobre as eleições. Essa emenda, no entanto, foi derrotada. E, portanto, ainda não há uma lei que obrigue empresas e candidatos a disponibilizar as informações na internet. Infelizmente, não posso obrigar as empresas a anteciparem essa informação, que será divulgada conforme determina a lei eleitoral.