Alunos da FFLCH e da Faculdade de Educação (FE) organizaram nas últimas semanas um plebiscito para saber a opinião dos alunos sobre a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). O principal objetivo é retomar a discussão sobre o projeto. Ele faz parte do calendário de lutas aprovado no 10˚ Congresso dos Estudantes, em maio.
Os votos do plebiscito começaram a ser apurados na segunda-feira, dia 18, e os resultados devem ser divulgados na próxima semana.
O movimento estudantil da USP, representado pelo DCE e por boa parte dos Centros Acadêmicos, posicionou-se contra a instituição dos cursos à distância desde que foram anunciados na gestão da ex-reitora Suely Vilela. Segundo eles, a Univesp precariza a educação pública ao ser estruturada apenas para atender a demanda do mercado. Além disso, seria uma maneira de “baratear a educação” e desobrigar o Estado a investir na “estrutura física, auxílio para permanência estudantil e contratação de professores” da Universidade presencial, como consta em um dos panfletos distribuídos durante o plebiscito.
João Victor de Oliveira, aluno do 5º ano da Geografia e membro do Centro Acadêmico, ressalta que “para a gente, a Univesp é um projeto de universidade, não é só um ensino à distância”. Ele menciona o papel da Universidade de ser também um espaço para “poder exercer a ação de pensar, de crítica social”. Diz ainda que “o ensino à distância quebra a possibilidade de convivência”.
Início das aulas
No último sábado (16) foi realizado o encontro inicial com os aprovados no curso de licenciatura em ciências, o primeiro da Univesp oferecido pela USP, com o objetivo de orientá-los a respeito das aulas, do material didático e da dinâmica do curso. As aulas presenciais ocorrerão nos campi Butantã, Piracicaba, Ribeirão Preto e São Carlos.
Segundo o professor Gil da Costa Marques, que coordena a implantação do ensino à distância, “será um curso com nível USP”. Ele afirmou que haverá 300 pessoas entre docentes, educadores e tutores envolvidos nos próximos quatro anos e garantiu aos alunos que terão “um suporte que não existe em nenhum ensino presencial”.
Ainda de acordo com Marques, a criação de um curso à distância é pensada há sete anos e a Univesp apenas o impulsionou com a possibilidade de financiamento.
Diz que “sente muito” em relação às críticas do movimento estudantil, pois considera que os alunos “criticam o que não viram”.
Expectativa
A maior parte dos ingressantes optou pelo curso semipresencial pela falta de tempo e tem boas expectativas. Michelle dos Santos, por exemplo, não concluiu a graduação em biologia na Unicamp por não conseguir conciliar os estudos e os cuidados com o filho hiperativo. Helio Cunha, de 39 anos, tem dois empregos e não conseguiria acompanhar um curso tradicional. Cristina Tsutsumi, massoterapeuta, está em busca da uma nova alternativa de trabalho. Para fazer um curso presencial, diz ela, “teria que remanejar muita coisa” e o curso semipresencial possibilitou sua volta à universidade.
Lucas Melhado, de 21 anos, cursa o último semestre de pedagogia. Como seu curso só permite que lecione até o 4º ano, ele matriculou-se na licenciatura em ciências não só pelo interesse na área mas porque com ele pode lecionar até o 9º ano. Diz que ficou “meio pé atrás”, mas resolveu experimentar.
A maioria dos entrevistados não sabia da discussão que acontece dentro da Universidade sobre o novo curso.