A partir deste ano os alunos de escola pública não terão mais o bônus automático de 3% sobre a pontuação feita na Fuvest. O acréscimo base foi diminuído para 2% e o teto ampliado para 15% após a aprovação da proposta de reforma votada pelo Conselho de Graduação. Segundo a nova medida, fica excluída também a prova específica para o Programa de Avaliação Seriada (Pasusp). No lugar dela, os estudantes terão que fazer a prova da Fuvest.
Com as mudanças, os candidatos serão divididos em duas categorias: os alunos Pasusp (que realizaram todo o ensino em rede pública) e os alunos não Pasusp (que fizeram o ensino fundamental em rede particular ou que já concluíram o ensino médio). Os alunos não Pasusp terão bônus de até 8% e não poderão realizar a Fuvest como avaliação seriada.
Os alunos Pasusp terão o direito a fazer a prova da Fuvest no segundo ano, quando poderão ganhar de 2% (caso acertem até 22 questões) a 5% (caso acertem 40 questões) na nota final do vestibular. No terceiro ano, ao fazerem o vestibular, os candidatos vindos da rede pública poderão ganhar de 2% (caso acertem 22 pontos) a 10% (caso acertem 60). No total, os alunos terão um teto maior que os antigos 12%, podendo atingir até 15%.
Modelo
De acordo com o professor da Faculdade de Educação, Nilson José Machado, que participou da elaboração do Enem em 1997, o modelo de avaliação seriada proposto pela universidade não garantirá melhores resultados. “Esse modelo não vai dar em nada. Ninguém terá esse bônus”, prevê. Segundo a própria Fuvest, apenas oito carreiras tiveram nota de corte superior a 60 pontos na primeira fase de 2010. O número representa cerca de 7% de todos os cursos oferecidos. Ou seja, pelo novo modelo, um aluno que conseguisse os 15% de bônus no vestibular do ano passado estaria apto a passar na primeira fase de 93% dos cursos.
Segundo o professor Mauro Bertotti, que elaborou o projeto, a Pró-Reitoria de Graduação está ciente da dificuldade dos alunos da rede pública atingirem a totalidade do bônus (leia também: Novo modelo se distancia da realidade da escola pública). De acordo com Bertotti, foram feitos estudos que apontaram uma média de bonificação entre 6% e 7% no antigo modelo. “O que a gente quer é manter essa média. Se for assim, a qualidade desses alunos na graduação não será nada diferente das dos demais alunos”, afirma o professor, que tenta solucionar o dilema exposto pela Pró-Reitora de Graduação, Telma Zorn, durante coletiva de imprensa: “A questão é como incluir com qualidade”.