Programa para idoso tem falhas

O programa Universidade Aberta à Terceira Idade completa 18 anos. Desde sua criação, o número de alunos matriculados saltou de 847 para mais de 10 mil, em 2010. No entanto, falta controle sobre a real participação dos idosos. Não há registro sobre quantos chegam ao final do curso e nem sobre os motivos das suas desistências.

Este é o primeiro ano que Altamira Claudino participa do programa. “Quando comecei, havia outros seis idosos nas duas disciplinas que participo. Hoje, só ficamos eu e mais uma colega”. Altamira acredita que a desistência seja reflexo das dificuldades que os idosos têm para participar. “Nossos nomes não entram sequer na lista de presença”, afirma. Ela reclama também por não conseguir retirar livros da biblioteca, já que não tem carteirinha USP.

Segundo Ecléa Bosi, professora da Psicologia e coordenadora acadêmica do programa, os alunos são vinculados apenas ao programa, e por isso não recebem nº USP. Mas podem exigir um cadastro para retirar material pelo menos na biblioteca da unidade onde têm aula. Além disso, os alunos idosos têm direito a um certificado de participação, devendo assinar a lista de presença e cumprir as exigências da disciplina.

As unidades vinculadas ao programa têm autonomia e quase não trocam informações. Não há uma equipe responsável por recolher e divulgar os dados de todas as unidades, faltando controle sobre o número de desistências.

Importância do programa

Para o primeiro semestre de 2011, foram oferecidas quase 200 disciplinas regulares, para todos os alunos da USP e mais de 60 atividades complementares didático-culturais e físico-esportivas, específicas para a 3ª idade. Além de São Paulo, o projeto existe nos campi de Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos.

Ecléa acredita que um dos principais aspectos do programa é o fato de abrir as portas da USP para pessoas que nunca a frequentaram. No entanto, o programa depende dos docentes. “Todo ano tento convencer mais professores a oferecerem vagas”, declara.O professor Paulo Teixeira Iumatti, que ministra disciplina sobre Cordel no Brasil, diz que os alunos idosos vêm com outras formações, diferentes dos jovens que entraram pelo vestibular. “A presença e os relatos da terceira idade acrescentam muito às minhas aulas”, diz Paulo.O estudante de Química, Eduardo Gomes Pereira, faz Antropologia com Altamira. Ele acredita que dividir a sala com alunos de outra geração é um aprendizado. “Acho que o pessoal da USP precisa compartilhar o conhecimento com quem não é da Universidade”. Altamira engata na conversa dizendo que o que menos deseja é ficar em casa assistindo televisão. “Quero participar e exercer minha cidadania. O programa me permite trocar experiências com jovens e compartilhar a minha história”.

Informações no site www.usp.br/prc/programas/3idade ou nos catálogos impressos. As inscrições para o próximo semestre ocorrerão entre os dias 1º e 12 de agosto, enquanto houver vagas. Dúvidas: entrar em contato com a coordenação pelo telefone (11) 3091-3348/3277 ou pelo e-mail usp3idad@usp.br.