Na madrugada de sexta (30 de março) para sábado (31) a USP conheceu a nova gestão do DCE Livre. Com 53% dos 13139 votos a chapa Não Vou Me Adaptar venceu as eleições, seguida de Reação, com 20,1%, e Universidade em Movimento, com 19,6%.
Confirmando o favoritismo em locais conservadores, a Reação venceu em toda a Poli, nos votos em trânsito do Biênio, na FEA, na Medicina e na Odontologia. Em redutos onde há tradição em participação política a disputa foi acirrada entre Não Vou Me Adaptar e Universidade em Movimento. É o caso, por exemplo, da Sociais e da Filosofia do campus de São Paulo, lugares onde a Não Vou Me Adaptar venceu por 4 e 2 votos de diferença, respectivamente. Nos demais locais a Não Vou Me Adaptar teve votação expressiva, caso das urnas da EACH e de cursos do interior do estado.
Segundo Pedro Serrano, estudante de Ciências Sociais, militante do Psol e integrante da nova gestão, a Não Vou Me Adaptar apostou na unidade de setores historicamente divergentes no Movimento Estudantil (ME), que se candidatavam em chapas separadas nas eleições, com o intuito de vencer a chapa Reação. A Não Vou Me Adaptar é composta por militantes de correntes do Psol – alguns deles que integravam a gestão Todas as Vozes (2011) –, militantes do PSTU e estudantes independentes. Durante o processo eleitoral também receberam apoio do coletivo Movimento Negação da Negação (MNN), que às vésperas da votação se desligaram da chapa 27 de Outubro.
Unidade
Pedro afirma que unidade não seria possível com todos os setores do ME, e como exemplo declarou que sua chapa tem profundas divergências de concepção de atuação política com a chapa 27 de Outubro. Para Arielli Moreira, estudante de Letras, militante do PSTU e integrante da nova gestão, a diferença é que sua chapa defende o diálogo com todos os estudantes.
Membros da gestão avaliam como positiva a declaração de apoio do MNN. “Apesar das diferenças, acho que foi uma postura coerente. Eles explicitaram que nessa conjuntura deveriam apoiar a chapa que mais tinha condição de derrotar o projeto político da reitoria, representado pela Reação”, disse Pedro.
Quando questionada sobre a superação de críticas feitas à antiga gestão, Arielle defende. “Apesar de algumas pessoas serem as mesmas, é importante dizer que somos uma chapa nova, que nunca aconteceu”. Segundo ela, o primeiro passo para superar as críticas de ausência e falta de protagonismo da entidade é o DCE ser mais presente no cotidiano dos estudantes, o que seria concretizado por meio de debates e assembleias nos cursos.
Para membros da gestão, a prática dessas ações acontecerão com tranquilidade apesar das divergências políticas dentro da entidade. “O DCE funcionará através de atividades políticas com construções conjuntas baseadas no nosso programa, que são pontos em comum acordo entre os grupos”, explicou Pedro. Arielle completa: “É um compromisso que assumimos com os estudantes, parte da gente contornar os problemas que possam existir para sairmos fortalecidos”.
A segunda colocada nas eleições foi a chapa Reação, com uma diferença de 4300 votos da vencedora. Para representar os 2664 estudantes que votaram na Reação, Arielli considera importante que o DCE se aproxime desse grupo. “Esses estudantes também tem críticas a política da reitoria. Cabe ao DCE organizar essas reivindicações, desfazer as confusões de concepção sobre o ME, e fortalecer ainda mais o debate”, diz ela.