Uma semana após a divulgação dos resultados da pesquisa do JC e do Datafolha sobre a intenção de voto para prefeito de São Paulo nas unidades da USP, um grupo de estudantes de graduação e de pós do Departamento de Ciência Política da FFLCH se reuniu para analisar o comportamento eleitoral dentro da comunidade universitária.
Mediado por André Singer, docente do departamento, o debate ressaltou a particularidade dos números registrados em meio ao eleitorado de unidades como a Faculdade de Direito do Largo São Francisco e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
“A meu ver, o perfil da São Francisco está muito à esquerda do que já foi registrado”, constata Singer, que julga o conjunto de resultados em favor de Fernando Haddad (PT) como “inesperado”. Segundo Juliana Moura Bueno, uma de suas alunas que estavam presentes durante o encontro, a justificativa está no “forte personalismo da Faculdade
de Direito”, que acentuou seu corporativismo ao se deparar com um candidato de “origens” locais. “Ele mexeu com o orgulho franciscano”, conclui.
O desempenho do PSOL em unidades como ECA, FAU e FFLCH também causou estranhamento para os pesquisadores. Para Singer, “surpreende que Carlos Gianazzi não tenha ido bem [nessas três unidades], que são pontos fortes da esquerda dentro da universidade”. No quesito renda, contudo, é novidade que o partido tenha atingido maior grau de destaque nos estratos sociais inferiores.
Em sentido contrário, o fato de a FEA se revelar mais tucana e, portanto “surgir à direita” da Escola Politécnica e da Faculdade de Medicina, também é motivo de surpresa. No entanto, para a maioria dos presentes, José Serra (PSDB) não pode ser considerado candidato único dos setores mais conservadores do eleitorado paulistano.
O fato de nomes como o de Gabriel Chalita (PMDB) ou mesmo Soninha Francine (PPS) terem tido peso em meio à comunidade politécnica mantém a instituição no rol das unidades mais direitistas da USP.
A sondagem foi feita por alunos da graduação em Jornalismo da USP, entre os dias 24 e 26 de setembro, às vésperas do primeiro turno das eleições municipais.
À época, os resultados revelaram que 25% dos 1003 alunos, professores e funcionários entrevistados votariam no candidato do PT, Fernando Haddad. José Serra, do PSDB, ugar com 15%. Carlos Gianazzi (PSOL) tinha 9% e dividia o terceiro lugar com Soninha (PPS) e Gabriel Chalita (PMDB), que tinham 8% cada. Celso Russomanno (PRB), que liderava até então na cidade com 30%, apareceu na universidade com 5%.