Os estudantes uspianos elegeram, entre 15 e 19 de abril, os delegados que representarão a Universidade no 53º Congresso Nacional da UNE (Conune), a ser realizado de 29 de maio a 2 de junho em Goiânia (GO). A chapa “De que lado você samba? – Oposição de esquerda” saiu vitoriosa com 62% do total de votos. Os delegados eleitos vão ao evento levando críticas à postura que o Movimento Estudantil tem sustentado.
“A UNE pode representar um avanço maior na luta dos estudantes se desatrelando um pouco da posição oficial do Governo”, comenta Matheus Trevisan, diretor do DCE e delegado da chapa vencedora.
De acordo com Matheus, a defesa por um movimento independente, com postura firme em relação à defesa de políticas educacionais imediatas e participação democrática dos estudantes nas decisões, repercute na massa de participantes do evento, mas não ecoa na direção majoritária da UNE. “Se é para apoiar ou fazer oposição, que isso venha de um debate cotidiano com os demais estudantes, e não através de uma imposição feita de cima para baixo.”
Os delegados levarão ao Congresso as discussões correntes na USP. Serão pautas como a questão do autoritarismo da gestão atual e a falta de infraestrutura nos campi e nos cursos. “Temos muita coisa a agregar”, declara o diretor do DCE. “Creio que nossos delegados levarão para o encontro todo acúmulo de luta pela democracia e educação que fizemos nos últimos dois anos. São uma série de demandas históricas e sobre as quais a USP sempre foi linha de frente”.
O Conune
O Congresso Nacional da UNE ocorre ano sim, ano não, e reúne estudantes de praticamente todas as universidades particulares e públicas brasileiras. Nele são deliberadas às diretrizes das atividades do Movimento Estudantil pelos próximos dois anos.
“São aprovadas fundamentalmente três resoluções em cada edição da Conune”, explica Jonatas Moreth, Diretor de Políticas Educacionais da UNE. “Uma sobre a conjuntura política internacional e nacional, uma sobre as políticas para a educação, e outra a respeito das dificuldades e mudanças a serem feitas no Movimento Estudantil.”
Para o diretor, os grandes debates da 53ª edição serão concentrados em torno da situação das universidades brasileiras após a implementação de cotas e demais ações afirmativas. O Plano Nacional da Educação 2011-2020, hoje em votação no Congresso Nacional, também estará entre as pautas.
“A UNE precisa mudar”, declara Jonatas. Ele acredita que a entidade possui uma série de problemas organizativos e defende mudanças como, por exemplo, que não seja mais presidencial. “Os problemas vão além: a UNE deve repensar uma nova cultura política que atraia para o Movimento Estudantil os alunos que ainda não participam das lutas”.