Quem entra pela manhã no Parque Esporte para Todos, também conhecido como “Bosque da Física”, vê usualmente aposentados e crianças, além de um vigilante, um faxineiro e muitos mosquitos. O espaço verde na rua do Matão, ao lado do Instituto de Física, possui uma área de 26 mil m², que foi aberta em 1979 para o público interno e externo da USP. Entretanto, a demanda de visitantes é baixa se comparada ao grande espaço mantido dentro do campus.
As pessoas costumam ir ao parque principalmente pela manhã e antes do final da tarde, pois alegam que falta segurança durante a noite. O local não está incluído no novo plano de iluminação do campus e, ao cair do sol, pouco recebe luz.
Recentemente a direção do Cepeusp, responsável pelo parque, optou por fechá-lo às 19 horas, motivada justamente pela falta de segurança. “É um local periférico para o Cepe, a distância também dificulta a manutenção”, afirma o diretor técnico, professor José Carlos Simon Farah. Renato Macedo, frequentador do ambiente, confessa que não costuma ir ao parque depois das 18 horas porque acha perigoso. “Muita gente vem para usar drogas”, afirma.
O parque, pela privacidade e isolamento, é também comumente frequentado por casais, que o utilizam como refúgio e local de encontros. Antagonicamente, o próprio afastamento gera uma preocupação quanto a segurança desses visitantes. “É quase irônico que eles encontrem a liberdade em um lugar que é perigoso para eles mesmos”, comenta Macedo.
Na busca por segurança, há pouco tempo foram colocadas grades ao redor do Bosque e uma catraca na entrada. Farah defende que a medida foi tomada para segurança e preservação do espaço. “É ruim para todo mundo”, confessa. Questionado sobre a razão do engradeamento, o professor não aponta nenhum fato ou ocorrido específico.
A medida acaba por salientar ainda mais o distanciamento do parque. O que se nota no local são grandes espaços vazios, com capacidade subaproveitada em razão do reduzido número de pessoas que o frequentam. Além disso, o ambiente quase deserto acaba gerando insegurança.
O isolamento do espaço se potencializa ainda mais pelo grande desconhecimento do parque por parte da própria comunidade univesitária. Manuel Espildora Munhoz, que trabalha no local desde o fim do século passado, admite: “só fui conhecê-lo quando fui transferido para cá, há poucos meses. Trabalho na USP há 13 anos”. Renato Rolim, o vigilante, faz questão de reforçar: “é difícil ver aluno por aqui, a maioria vem de fora”.