Furtos e depredações marcam ocupação

Alunos perdem controle da ocupação com festas constantes e pertences de funcionários desaparecem em tumulto

Funcionários da USP que trabalhavam no prédio da antiga reitoria, ocupado por estudantes no dia 1º de outubro, constataram o sumiço de materiais de escritório, computadores, objetos pessoais e arquivos de trabalho após a reintegração de posse ocorrida na terça-feira, dia 12 de novembro. O prejuízo foi contabilizado em R$2,4 milhões de reais, de acordo com dados da reitoria.
Uma servidora, que não quis ser identificada, relata que as gavetas e armários dos prédios foram mexidos. Os trabalhadores fizeram o levantamento dos itens faltantes a pedido da reitoria. Foi constatado o desaparecimento de equipamentos eletrônicos, como mouses e teclados, e de itens pessoais das mesas dos funcionários, inclusive de dentro de gavetas trancadas. “Meu celular que estava lá, e que custa hoje mais de mil reais, foi levado”, conta.
Segundo a funcionária, as salas estavam bagunçadas e com objetos faltando. Ela chegou a procurá-los em outras salas, mas sem sucesso: “O local estava muito sujo. Móveis arrastados, alguns quebrados, e de pernas para o ar. No térreo havia roupas jogadas, restos de bebida, cigarros, maconha e preservativos usados”.
O reitor João Grandino Rodas manifestou-se sobre o ocorrido em seu programa de rádio, divulgado no site da USP na manhã de quinta-feira, dia 15. Nele, Rodas questiona os reais objetivos do movimento e criticou a manifestação, caracterizando-a como “um desrespeito com a educação, a ciência e o povo que mantém a Universidade por meio de seus impostos”.
Para Gabriel Lindenbach, diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o que aconteceu com o prédio central foi “uma ação isolada de um grupo de estudantes”. Ele explica que a “Festa contra a moral e os bons costumes”, que originou o cenário encontrado pela funcionária, não havia sido aprovada em nenhum fórum do movimento, ao contrário da preservação do patrimônio público. “Nossa ferramenta era fazer pressão política, e não depredar, pois sabemos que isso joga água no sentido contrário do movimento”, justifica.
Apesar do episódio, Gabriel acredita que agora é muito importante manter a união para evitar a criminalização do movimento estudantil, que culminou com a prisão dos alunos Inauê Taiguara e João Vitor Gonzaga. Rodas, em seu podcast, afirmou que aplicará as sanções da lei assim que ele puder coletar provas suficientes e instruir processos para tanto.
O reitor ainda afirmou que não há razão para todas essas manifestações, pois democracia na universidade e permanência estudantil são pautas do Conselho Universitário (CO). Gabriel, porém, discorda: “Procuramos estabelecer acordos com essa gestão, mas o reitor nunca se mostrou disposto a discutir com os estudantes. O único jeito de abrir um pouco o caminho do diálogo foi fazendo greve, ocupando os prédios e trancando os portões semana após semana”.

Além de furtos, houve pixações, arrombamentos e depredação de diversos objetos. Foto: Divulgação USP.