CA Lupe Cotrim, ECAtlética e Sintusp, no entanto, já começaram a se articular para a ocupação do prédio nas férias
A vivência da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e a sede do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) podem estar ameaçadas pelas obras no novo prédio da reitoria. Segundo a secretaria do Centro Acadêmico Lupe Cotrim (Calc), trabalhadores da construção afirmaram que a demolição dos edifícios estaria marcada para dezembro deste ano. A Superintendência de Espaço Físico (SEF), responsável pelas obras na universidade, nega qualquer alteração no local.
No prédio da vivência da ECA funcionam o CA Lupe Cotrim, a Associação Atlética Acadêmica Lupe Cotrim (ECAtlética) e uma lanchonete. Além disso, a outra parte do edifício abriga a sede do Sintusp há cerca de 45 anos. Atualmente, esses são os únicos espaços com gestão estudantil e dos funcionários no terreno da escola.
De acordo com o diretor do Sintusp, Magno de Carvalho, uma das trabalhadoras da gestão do sindicato conversou informalmente com o arquiteto responsável pela obra da reitoria que afirmou que no local seriam construídos uma avenida, um jardim e um estacionamento para facilitar o acesso ao prédio da administração da USP. “Nesse momento, depois das informações de demolição, nós e o Calc fizemos um ofício pedindo uma audiência conjunta com o reitor, porque ele não nos recebe há muitos anos, como não recebe ninguém dos movimentos e das entidades representativas”, ressalta.
Apesar de não ter recebido qualquer comunicado oficial da universidade, a responsável pela lanchonete, Maria Hermínia Santos, conhecida como Dona Hermínia, afirma que não tem esperanças de que a declaração da SEF seja verdadeira. “Conversei com os meus funcionários, tem gente que trabalha comigo há 17 anos, e estou me preparando para pagar todos os direitos deles e ficar esperando. Demorei para ficar mais calma, mas mediante o que vem ocorrendo, eu não tenho esperanças de permanecer aqui”.
A diretora da escola, professora Margarida Kunsch, disse não ter qualquer informação sobre o processo de demolição e o classificou como “hipóteses e boatos”. Já o superintendente da SEF, o professor Antonio Massola, afirmou, em comunicado à comunidade da ECA e ao Sintusp: “Não está nos planos da Reforma do Prédio da Antiga Reitoria nenhuma ação de demolição nas áreas citadas. Podem ficar tranquilizados”.
![Alunos fazem “piquete” para impedir passagem de máquinas de construção para as dependências da Vivência e Sintusp Alunos fazem “piquete” para impedir passagem de máquinas de construção para as dependências da Vivência e Sintusp](https://www.jornaldocampus.usp.br/wp-content/uploads/2013/11/sitevivencia.jpg)
As obras no prédio da reitoria, iniciadas em agosto de 2011, já alcançaram parte do terreno da ECA no ano passado, quando o Canil – espaço cultural de convivência estudantil – foi demolido para dar lugar ao novo estacionamento da administração, sem qualquer aviso prévio à diretoria e à comunidade ecana. A destruição ocorreu também em dezembro, no feriado de Natal. Ainda que a diretoria da ECA tenha enviado um ofício pedindo esclarecimentos, a demolição do prédio nunca foi comentada pela reitoria.
Recentemente, o Canil foi reconstruído pelos alunos. Para reforçar a resistência à demolição dos espaços estudantis, o Calc, em conjunto com outros centros acadêmicos da USP, realiza o Festival do Cão. O evento cultural está em sua terceira edição e conta com a apresentação gratuita de bandas independentes e com oficinas ligadas ao movimento estudantil. Este ano, o festival irá até o dia 14 de novembro e ressalta a importância da permanência dos estudantes na universidade.
As entidades ecanas já começaram a se articular para ocupar o prédio da vivência e a área aberta ao redor, conhecida como Prainha. “A greve veio em bom tempo, porque a reposição de aulas pode acontecer em dezembro, o que manterá os estudantes na Prainha e na vivência, para além das nossas atividades”, argumenta a diretora do Calc, Marcela Fleury. A secretária da ECAtlética, Sofia Soares, explica que a entidade está pressionando a diretoria da ECA para uma reunião de esclarecimentos. Além disso, Calc, ECAtlética e Sintusp reforçaram a importância de ações conjuntas para permanência no local, inclusive na época da possível demolição.