Atletas encaram Fuvest por amor ao esporte

Para a maioria dos atletas, o que mais deixa saudades na vida acadêmica é participar dos jogos universitários. Apesar do direito de poderem usufruir do Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP), mediante o pagamento de uma taxa semestral de 250 reais, muitos ex-alunos optam por dar seguimento aos estudos para continuarem vivendo a emoção do esporte universitário, seja por meio do Mestrado, Doutorado ou de uma nova opção de curso.

É o caso de Thiago Biscuola, 25 anos, que cursou Economia na FEA de 2007 a 2012. No último ano da Graduação, estava trabalhando em uma área que demandava certo conhecimento jurídico e decidiu conciliar a vontade de continuar jogando basquete com uma nova carreira. “Decidi prestar o vestibular de novo para o curso de Direito. Como não passei, apareceu a oportunidade, dentro do processo de reescolha, de cursar História. E também era uma alternativa para continuar jogando, usando o CEPE.” Thiago explica que existem algumas opções fora da Universidade, como as ligas amadoras, mas a experiência é bem diferente. “Não é o mesmo grau de organização, o mesmo nível de competitividade. É outro ambiente. Tem aquela coisa de também estar ali, no meio universitário, defendendo as suas cores.”

Na USP, existe ainda a possibilidade de reingresso para graduados, sujeita à disponibilidade de vagas. O interessado deve entrar em contato com a Unidade de Ensino que oferece o curso de seu interesse e passar por uma avaliação dos Coordenadores de Graduação. Mas, quando a escolha não envolve somente a vontade de continuar jogando, muitos decidem voltar para a Fuvest. “Eu queria uma carreira difícil, Direito, uma das mais concorridas. Dificilmente haveria a possibilidade de sobrar uma vaga para reingresso”, conta Thiago.
No primeiro dia de treino pela FFLCH, Thiago conta que foi reconhecido pelos antigos rivais, mas que, apesar das brincadeiras, foi muito bem recebido. “O pessoal tirava sarro no começo, mas eu achei até melhor do que se tivesse continuado na mesma faculdade. Foi uma maneira de conhecer pessoas novas, um ambiente totalmente diferente em termos de competitividade, de treino. Uma forma diferente de encarar as coisas.”

Embora tenham acesso ao CEPEUSP, ex-alunos não podem disputar torneios pelos seus times (Foto: Fernando Pivetti)

Segundo Leonardo Luis do Carmo, Diretor de Modalidade (DM) do handebol masculino da FFLCH, a maioria dos atletas reingressos pesa a situação da Atlética, ou da modalidade praticada, na hora de optar por uma faculdade. “Nosso time tem muita gente que está no segundo curso e só entrou porque era amigo nosso. Por exemplo, temos uma ligação muito grande com o handebol masculino do Direito PUC. Ao todo, já compartilhamos seis atletas, e só não foram mais porque alguns não conseguiram passar na Fuvest ou não conseguiram bolsa para estudar lá.” Dentre os casos de reingresso no handebol masculino, Leonardo conta que a maioria conciliou a vontade de jogar na FFLCH com um curso correlato. Apenas dois retomaram os estudos somente para continuar jogando.

No caso de Thiago, apesar da afinidade com o curso de História, o trabalho e as responsabilidades profissionais inviabilizam sua dedicação aos estudos. “O que mais me prende, sem dúvida, é a oportunidade de continuar competindo e praticando o esporte que eu cresci jogando.” Questionado sobre sua vontade de concluir o curso ou de prestar o vestibular novamente, o atleta avalia a possibilidade de se aposentar das quadras universitárias. “Se eu tivesse realmente tempo de estudar e de acompanhar o curso da maneira devida, com certeza gostaria. Mas, nos moldes atuais, talvez seja a hora de parar.”