Polícia trabalha com hipótese de suícidio, enquanto a família das vítimas acredita que pode ter sido latrocínio.
Um veículo com dois corpos cremados foi encontrado no campus da USP de Ribeirão Preto, no dia 5 de maio. O carro incendiado foi localizado entre a vila universitária e as agências bancárias. Os corpos são de Sebastião Grandino Rodrigues, de 58 anos, e seu sogro Antônio Spanhollo, de 90 anos. Sebastião havia acabado de se aposentar do Hospital das Clínicas, local atual de trabalho de sua filha, Mariane Spanhollo, e também de sua esposa.
A polícia ainda trabalha com suspeitas, mas a principal delas é a de que trata-se de um caso de homicídio seguido de suicídio. Uma das testemunhas ouvidas no dia do acontecimento contou que haveria estacionado o carro em uma vaga próxima, teria visto o acontecimento e, segundo ela, não houve um terceiro envolvido na cena. Além disso, um envelope contendo apenas a identificação dos indivíduos foi encontrado nas proximidades do carro. “Também não houve saque no banco para que tenha sido um crime patrimonial”, diz Alexandre Jorge Daur Filho, delegado responsável pelo caso. Ainda, mencionou-se que Sebastião sofria de depressão e que seu sogro estaria infeliz.
Mariane, entretanto, discorda da hipótese principal. Segundo ela, seu avô e seu pai se davam bem e este último não sofria de depressão. De acordo com ela, outro fato inusitado é que o carro não teria ido para a perícia. “O meu avô tem conta no Bradesco [banco integrante das agências bancárias]. Dia 5 [mesma data da morte] ele costuma receber aposentadoria”, disse. A família desconfia que foi latrocínio.
O incidente abriu espaço para questões sobre a segurança no Campus de Ribeirão Preto. De acordo com a estudante Nathalia Aguiar, a proteção é insuficiente. “No final do ano passado, durante uma aula, houve uma explosão de um caixa de banco que ficava em frente à cantina, que estava lotada. Em vez de reforçarem a segurança, tiraram o caixa de lá. Todas as medidas tomadas são como remendo a um tecido que está todo rasgado”, conta.
Questionada, a assessoria de imprensa da Prefeitura do Campus respondeu a administração segue as diretrizes estabelecidas. Atua-se na segurança patrimonial, que inclui câmeras de vídeo em locais estratégicos, elaboração mapas semanais que apontam os locais de maior vulnerabilidade, desenvolvendo-se estratégias de segurança para eles. Sobre as mortes do dia 5 de maio, a Prefeitura não quis se pronunciar.