Pesquisa permite diagnóstico precoce da doença com utilização de anticorpos sintetizados
Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) desenvolveram uma membrana sensora capaz de detectar a presença do vírus da dengue no organismo em menos de uma hora. Participaram dela os alunos Nirton Cristi Vieira, Alessandra Figueiredo e o professor Francisco Guimarães. A pesquisa, que teve início há três anos, tinha como objetivo não somente o desenvolvimento de um método de diagnóstico precoce, mas a criação de um equipamento de baixo custo, prático, portátil, semelhante ao utilizado na medição de concentração de glicose.
A maioria dos métodos de diagnóstico do vírus hoje consegue detectar a infecção somente após o quinto dia, que é quando o corpo começa a produzir anticorpos em grande quantidade. O aparelho desenvolvido pelo IFSC, no entanto, pode identificar a reação do sistema imunológico tão logo o contato com o organismo, sendo necessária somente uma pequena concentração da proteína liberada pelo vírus. Para tanto, uma membrana sensora é sensibilizada com a utilização de anticorpos. “Esta interação extremamente seletiva produz a variação de um sinal elétrico característico que indica a presença do vírus no sangue da pessoa infectada. A medida desse sinal elétrico é rápida e precisa e pode ser feita por um dispositivo eletrônico muito simples”, diz Francisco Guimarães, coordenador da pesquisa.
Para a criação da membrana, a equipe contou com a colaboração da empresa DNApta, que produziu o anticorpo purificado utilizado em um dos componentes do aparelho. A sintetização ocorre utilizando ovos de galinha que, além de ser um método efetivo e barato, não utiliza animais como ovelhas e coelhos. O anticorpo então é imobilizado em uma membrana metálica sensora.
Para Guimarães, a invenção tem grande impacto no cenário brasileiro de combate à doença. “O maior incentivo foi o fato do Brasil importar os kits de teste da dengue e também que os diagnósticos demoram atualmente semanas para serem feitos. Assim, desenvolver um sistema que gera um diagnóstico em menos de uma hora é de fundamental importância. Além disso, o diagnóstico pode ser feito em postos de saúde e não somente em centros urbanos maiores que possuem laboratórios especializados”, diz o pesquisador do IFSC.
O protótipo já existe e foi patenteado. A equipe espera agora desenvolver e produzir a versão final do aparelho juntamente com a membrana sensora nos próximos anos.