Grupo USPGameDev, formado por alunos, vê crescimento na área dos jogos como estímulo para suas criações3D
Pesquisas realizadas por empresas de consultoria internacionais mostram que o mercado de videogames no Brasil cresce em ritmo acelerado, acima da média mundial. Esse cenário estimula o desenvolvimento de produtoras independentes nacionais. Uma delas se encontra dentro da Universidade de São Paulo. O grupo USPGameDev, formado por alunos de graduação, vê esse aumento como um incentivo para realizar projetos mais ambiciosos e para propagar os videogames como meio de cultura.
Um levantamento realizado pela empresa de consultoria americana PwC mostra que a área de jogos crescerá mais de 14% no Brasil até 2017, valor duas vezes maior que a taxa de crescimento mundial. Para Vinícius Daros, membro e cofundador do USPGameDev, isso fomenta a produção de games independentes. “Em 2009, ano de início do projeto, nós mexíamos com jogos por curiosidade, mas não tínhamos a pretensão de entrar em uma empresa”, ele diz. “Somente existiam os estúdios gigantes”. Porém, conforme o tempo passou, muitas empresas, exclusivas para esse tipo de produção, começaram a surgir. “Eu acho que as pessoas veem mais esperanças em trabalhar nesse meio. Um estudante de Física que entrou no grupo disse que pretende utilizar os conhecimentos agregados aqui para entrar em uma empresa de jogos. Isso é estimulante”.
Esse clima de desenvolvimento influencia também os projetos do grupo. Para este ano, há planos para iniciar a produção do primeiro jogo 3D criado pelos alunos. Um motor gráfico, responsável pelos visuais do jogo, foi concebido pelos próprios docentes para o lançamento de seu primeiro jogo, Horus Eye — game de ação com gráficos 2D, ambientado no Egito Antigo —, em 2010. Agora, esse motor está sendo incrementado para produzir modelos em três dimensões, que serão inseridos em um futuro jogo. O projeto encontra-se em processo de brainstorming e os trabalhos de programação estão previstos para começar pouco antes das férias de meio de ano.
Games como cultura
O crescimento do mercado também levanta a questão dos games como plataforma cultural. Muitas pessoas subestimam o valor dos games como meio de comunicação. Em 2013, a Ministra da Cultura Marta Suplicy chegou a negar a classificação de jogos como produtos culturais, dentro do vale-cultura oferecido pelo Governo.
Para Fernando Talietta, membro do grupo e estudante da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), esse preconceito se deve ao início dos jogos eletrônicos. “Os games começaram com uma base muito mecânica”, diz Talietta. “A primeira relação jogador/game era o desafio, e não a comunicação. Agora, com o desenvolvimento de elementos como a história e a arte, esse paradigma mudou. Mas o preconceito ainda existe”. Daros acredita que aqueles que não conhecem o processo de criação de jogos, muitas vezes, os veem como simples brinquedos. Porém, a produção de obras como essas leva em conta o contexto e o meio em que o programador vive. “A nova geração vai enxergar esse aspecto de maneira muito natural, pois, para ela, isso estará incorporado ao dia-a-dia”, ele afirma.
Trabalho colaborativo
O grupo USPGameDev possui, em sua maioria, alunos do Instituto de Matemática e Estatística (IME) e da Escola Politécnica (Poli). Porém, alunos de qualquer unidade da Universidade podem participar dos trabalhos. Já passaram pelo grupo estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Escola de Comunicações e Artes (ECA), além da própria FEA. Daros afirma que essa diversificação de áreas é boa para o grupo, pois o ajuda a crescer e a ter ideias diferentes. “Desenvolver jogo é algo que precisa de uma multidisciplinaridade grande. São necessárias pessoas para programar, para fazer a arte, para pensar em narrativa e para montar a mecânica de jogo. Então sempre gostamos quando existem pessoas que pensam [de um modo] diferente”.
Aqueles interessados em participar do desenvolvimento dos novos projetos do USPGameDev podem entrar em contato com o grupo através do e-mail contato@uspgamedev.org. Também podem participar das reuniões, que ocorrem às segundas, quartas e quintas-feiras, das 14h às 18h, na sala C1-10, no prédio do Biênio, na Poli.