Parcialmente paralizado, hospital garante ao menos atendimento de emergência e assistência aos internados
Os funcionários e médicos do Hospital Universitário (HU) da USP aderiram à greve dos professores e demais trabalhadores da Universidade. Com atividades paralisadas desde a metade do mês de junho, ainda não há uma previsão para o fim.
Após 19 anos, o Hospital Universitário da USP entrou em greve pela primeira vez. Como definido em assembleia realizada no dia 5 de junho, os funcionários do HU iniciaram a paralisação no dia 10. Os médicos da Unidade também estão com suas atividades parcialmente paralisadas, desde o dia 16 de junho.
Com a paralisação parcial dos servidores do HU, todos os setores estão funcionando com escala mínima de trabalho, definida diariamente pelo comando de greve. Houve cancelamento das consultas ambulatoriais – cerca de 500 por dia, segundo dados do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) – além de cirurgias eletivas e outros serviços.
A superintendência do Hospital Universitário, no entanto, afirma que os atendimentos emergenciais continuam acontecendo. “O hospital deve manter os atendimentos de emergência e garantir assistência aos pacientes internados, como previsto na regulamentação sobre greve no setor da saúde”.
Como explica Dinizete Xavier, ex-funcionária do HU e atendente de enfermagem do Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa da Faculdade de Medicina da USP e membro do comando de greve, os funcionários do Hospital Universitário lutam a favor do reajuste salarial, da reposição de funcionários e da redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem redução salarial, visto que, segundo ela, chega a ser de 36 a 40 horas em alguns setores.
Dinizete esclarece que com o fechamento e sucateamento de alguns hospitais próximos à região, o Hospital Universitário terminou por receber uma carga muito maior de atendimentos do que suportava. “Então não comporta mesmo, essa é a realidade aqui da zona oeste. O HU não vai conseguir dar atendimento a esta superpopulação”, afirma.
Questionada sobre uma previsão para o fim da paralização dos funcionários do Hospital, a atendente de enfermagem foi firme: “enquanto não houver uma negociação, enquanto o reitor não sentar para negociar, não iremos sair da greve. Se fosse para não negociar, nem teríamos entrado em greve”.
A greve dos médicos
De acordo com o diretor do Simesp, Gerson Salvador, além do movimento a favor do reajuste salarial dos funcionários, os médicos do HU possuem pautas específicas do setor. Como explica o diretor, uma das principais reivindicações para esta greve é tornar o Hospital Universitário uma referência na saúde, recebendo apenas pacientes com quadros clínicos de complexidade maior, encaminhados de uma unidade básica de saúde ou pronto atendimento. “Nesse contexto, os pacientes não deveriam fazer ficha no HU em casos de baixa complexidade”.
Segundo o diretor do Simesp, outras reivindicações da categoria são a contratação de funcionários para completar as equipes médicas e de enfermagem, que atualmente se encontram “defasadas” e ter uma classificação de risco para a pediatria. “O paciente pediátrico antes de passar pelo médico deveria passar com o enfermeiro para determinar o risco. Se o paciente for grave, deverá ter um atendimento preferencial”, explica Salvador.